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20 de Fevereiro de 2024
No Conselho de Segurança da ONU, EUA vetam resolução para cessar-fogo em Gaza
Divulgação - ONU

Porém, os norte-americanos negociam uma resolução de cessar-fogo temporário 'assim que possível'

Por Redação, O Estado de S. Paulo - Estadão Conteúdo

Os Estados Unidos (EUA) vetaram nesta terça-feira (20), mais uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que pedia por 'cessar-fogo imediato' em Gaza, na Garra entre Israel e Hamas.  Essa foi a terceira vez que o principal aliado de Israel usou o seu poder de barrar iniciativas do CS desde o início do conflito.  A proposta foi elaborada pela Argélia e recebeu o apoio de 13 dos 15 países integrantes. Os EUA, que têm poder de veto por ser uma das nações permanentes do colegiado, barrou o texto.

Porém, os EUA apresentaram uma resolução alternativa que defende o cessar-fogo 'assim que possível'. Conforme o texto, a pausa proposta pelos EUA seria vinculada à libertação dos cerca de 130 reféns que ainda estão sob o poder do grupo terrorista Hamas em Gaza. 

O rascunho também prevê a suspensão de todas as restrições à entrega de ajuda humanitária no enclave sitiado. As ações 'ajudariam a criar as condições para uma cessação sustentável das hostilidades', diz o projeto americano, que ainda não tem data para ser votado. 'Não podemos apoiar uma resolução que comprometa negociações delicadas', argumentou a embaixadora de Washington nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield.

Antes da votação, o embaixador da Argélia na ONU, Amar Bendjama, afirmou que “um voto a favor deste projeto de resolução é um apoio ao direito dos palestinianos à vida. Por outro lado, votar contra implica um endosso à violência brutal e ao castigo coletivo infligido a eles”. 

O placar da votação entre os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU foi de 13 votos a favor, uma abstenção, do Reino Unido, e um voto contrário, dos EUA. Washington defende que as negociações pela libertação dos reféns são o caminho para uma trégua no conflito. 

Além de um cessar-fogo imediato, o texto da Argélia exigia a libertação de todos os reféns, rejeitava o deslocamento forçado de civis palestinos, pedia acesso humanitário irrestrito em toda a Faixa de Gaza e reiterava as exigências do Conselho de que Israel e o Hamas cumpram as leis internacionais, especialmente a proteção de civis. A resolução rejeitada nesta terça também condenava 'todos os atos de terrorismo', sem nomear nenhuma das partes. 

Thomas-Greenfield já havia antecipado o veto no domingo. Ela argumentou que os EUA trabalham há meses no acordo pela liberação de reféns e que essa continuava sendo a melhor oportunidade de garantir uma pausa sustentada no conflito para que os palestinos recebessem ajuda humanitária. Entretanto, o Catar, que tem atuado como um mediador no conflito, já alertou que as negociações não estão 'progredindo como esperado'. 

O embaixador adjunto dos EUA, Robert Wood, por sua vez, disse a repórteres na segunda-feira que a resolução apoiada pelos árabes não seria um mecanismo eficaz para as três coisas que Washington busca: resgatar os reféns, aumentar a ajuda e garantir uma longa pausa no conflito. 'O que estamos buscando (com a resolução americana) é outra opção possível e discutiremos isso com amigos daqui para frente', afirmou Wood. 'Não acho que podemos esperar que nada aconteça amanhã', avisou na véspera da votação. 

Em uma mensagem dura para Israel, o projeto de resolução dos EUA diz que a grande ofensiva terrestre planejada em Rafah 'não deve prosseguir nas atuais circunstâncias'. E adverte que o deslocamento adicional de civis, 'inclusive potencialmente para os países vizinhos' - em referência ao Egito - teria sérias implicações para a paz e a segurança regionais. 

Israel alarmou a comunidade internacional ao anunciar a incursão na cidade que abriga mais de 1 milhão de deslocados internos pelo conflito. O governo Netanyahu justifica que a operação é necessária para derrotar o Hamas e promete passagem segura para os civis, mas não explica para onde. A cidade é a última ao sul de Gaza e o Egito resiste em abrir as fronteiras porque teme ser visto como cúmplice no deslocamento forçado de palestinos. 

O conflito foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou mais 240 como reféns em 7 de outubro. Do lado palestino, a guerra já deixou mais de 29 mil mortos, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo Hamas. O drama humanitário no enclave tem elevado a pressão internacional sobre Israel, inclusive do seu principal aliado, os EUA, que cobram a proteção de civis no enclave. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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