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17 de Maio de 2022
Usina de Monlevade anuncia R$2 milhões  para conter poluição em bairros próximos
João Vitor Simão

Audiência discute problema antigo e de queixas constantes dos moradores

A ArcelorMittal, Usina de Monlevade, anunciou na manhã desta terça-feira (17) um investimento de R$2 milhões para eliminar a poluição do ar e o pó que recai sobre as casas dos bairros próximos a ela em João Monlevade. O anúncio foi feito pelo gerente de Recursos Humanos da Usina, Vander Neves, na audiência pública que tratou do tema na Câmara Municipal.

Segundo Vander, a empresa investiu R$600 mil no plantio de árvores para a formação de um cinturão verde. Ele lembrou que a ação é a longo prazo e é acompanhada pelo setor de Meio Ambiente da ArcelorMittal. Além disso, ele  também informou que a empresa já testou e vai fazer a instalação definitiva de canhões de névoa. Segundo ele, os testes foram satisfatórios e a medida vai solucionar o problema. 

Audiência

O encontro foi presidido pelo vereador Gustavo Prandini (PTB), que o propôs, e foi assistido por dezenas de moradores dos bairros Vila Tanque, Areia Preta, Baú e Centro Industrial, que levaram faixas para protestar contra a dispersão da sujeira. Ficou acertado que um cronograma das adequações deve ser encaminhado ao Legislativo nos próximos 15 dias.

Conforme já noticiado, há mais de um ano, os residentes dessas localidades queixam-se da constante liberação de partículas de pó, levados pelo vento até suas casas e do barulho, provocados pelas atividades das empresas PH Transportes e ArcelorMittal. 

 Em mais de uma oportunidade, o A Notícia trouxe as reclamações de que as residências precisavam ser limpas mais de uma vez ao dia, além do ruído constante, inclusive, durante a noite. Eles alegam que o incômodo provém da Portaria 8 da área de operações da Usina de Monlevade.

O vereador lembrou que há cerca de 6 meses foi feita uma reunião com as empresas, moradores, vereadores e representantes do Executivo. Na oportunidade, ficou acordado que a Secretaria de Meio Ambiente e a ArcelorMittal apresentariam um relatório sobre a situação. O documento foi lido por Prandini. Ele ainda lembrou que há na Promotoria de Justiça da Comarca de João Monlevade um inquérito para averiguar a situação.

No relatório, os profissionais descreveram que estiveram na Portaria 8 para entender o processo e detectaram que no transporte das sucatas era gerado um ruído alto que, segundo eles, poderia ser reduzido com simples adaptação da operação. Em relação ao processo oxi-corte não foi realizado no dia. Porém, foi garantido que não era havia emissão de partículas contaminantes, apenas vapor. 

Por sua vez, a Arcelor enviou outro relatório com esclarecimentos. No documento, a empresa apresentou as medidas adotadas por ela como, por exemplo, maior frequência de umectação das vias, restrição e redução do processamento de sucata no Pátio de Metálicos, cobertura dos estoques de matérias primas, testes piloto com canhões de névoa, suspensão de movimentação de metálicos, redução da altura da queda da sucata, medição e laudo sobre os ruídos gerados pela operação no pátio, entre outros. 

Presente na reunião, o secretário de Meio Ambiente, Samuel Domingos, admitiu uma falha no setor de protocolo da Prefeitura: ao analisar um pedido da PH Transportes, um servidor considerou que a empresa precisava de permissão apenas do setor de trânsito, ignorando que ela também era obrigada a ter um alvará ambiental, em função da natureza de suas atividades.

Também estiveram presentes Geraldo Luciano Rodrigues, representante da PH Transportes; o procurador jurídico da Prefeitura, Hugo Martins; e os vereadores Belmar Diniz (PT), Bruno “Cabeção” (Avante), Doró da Saúde (PSD) e Marquinho Dornelas (PDT), além do presidente da Câmara, Gustavo Maciel (Podemos).

Reclamações 

Na audiência, os moradores voltaram a externar seus prejuízos. O engenheiro Norton Figueiredo Lima, morador e representante do bairro Vila Tanque, levou um pacote com pó depositado sobre o seu telhado e carregado pela última chuva. Ele também apontou para o ruído dos maçaricos durante a madrugada, que atrapalha o repouso. Também morador da Vila Tanque, o advogado Moisés Martins de Assis enfatizou que não quer impedir as atividades da ArcelorMittal, mas que essas operações tenham impactos mínimos sobre a coletividade.

Uma diretora do Social Clube, queixou-se de que a poeira pousa sobre as piscinas, formando uma camada que permite inscrições com o dedo sobre a água. Ela explica que o aspecto é gorduroso, como se um óleo fosse derramado na piscina. A diretoria afirmou que, por muitas vezes, o principal atrativo do clube fica impedido para banho por conta da sujeira. Luiz Carlos Freitas, por sua vez, apontou que o problema já é sentido desde 2015, ressaltando a necessidade de a empresa ter um canal permanente de comunicação com a vizinhança.

Vander Neves destacou que o diálogo é importante com a comunidade e relatou que a empresa reconhece os impactos causados. “Queremos e buscamos ter sempre uma boa relação com a comunidade, principalmente com os bairros vizinhos à empresa”, disse. Na oportunidade, Vander ressaltou as ações que já foram desenvolvidas pela empresa, e citadas no relatório, com objetivo de regularizar a situação. Ele lembrou também que a Arcelor possui as certificações e as licenças ambientais, emitidas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).

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