Desde 1984
Alessandra Teles
07 de Maio de 2021
Maternidade - O avesso do avesso

“Não é sobre tudo o que seu dinheiro é capaz de comprar

       

E sim sobre cada momento que juntas podemos passar


Contigo aprendi que o mais importante é ser do que ter


E pelo que eu me tornei só tenho a te agradecer”.


Trecho da música Trem Bala (Especial Dia das Mães) – Ana Vilela



Hoje vou falar sobre como a maternidade me transformou. É uma mutação sem precedentes. Tem magia, loucura, dores, tristezas, alegrias e o entendimento real do que é amar.

Amar incondicionalmente, amar mais que a si mesmo em muitos momentos. Aquela historinha de coloca a máscara primeiro em você e depois no filho em caso de despressurização... sei não... também não quero precisar de saber, diga-se de passagem.

É uma montanha russa, a gente vai de 0 a 100 km/h em 10 segundos. Um dia, você olha para aquele serzinho e se pega com cara de boba, aquele sorrisão no canto dos lábios, agradecendo a Deus por ter sido tão abençoada. Em outros dias você quer fechar a porta do banheiro, colocar uma música alta para não ouvir mais nada, ou então ter um pó de pirlimpimpim para desaparecer. Sumir, só voltar quando ela tiver sei lá ... 18 anos.

Falo aqui também por ser uma mãe solo. Das minhas dificuldades, preconceitos que começaram bem pertinho. Cansaço, mágoas, tristezas, momentos de desespero e das vezes que me perguntei “será que vou conseguir”. Mãe não é um estado civil. Evoluam.

E não para por aí. Sou branca e minha filha é negra e já me perguntaram das formas mais criativas como é a adoção, respondo que é um gesto lindo. Dependendo da pessoa, eu explico que a Yasmin é minha filha biológica. Se não, só dou um sorriso e aceno com a cabeça. Mãe é mãe e se manifesta, independentemente, de cor, raça ou idade, mãe é mãe, o que importa é o amor dentro do coração. 

Como Deus é grandioso e com a ajuda de muitos - em especial a minha mãe – muita força, fé e coragem a gente consegue. Dia após dia. A maternidade nos dá superpoderes, fazemos coisas que nem imaginávamos, nos superamos, mudamos nosso modelo mental. Nos tornamos leoas protegendo a cria e gatinhas quando aqueles olhinhos pequenos nos fitam. Só queremos nos enroscar e ronronar.  

Eu sei que é nossa responsabilidade educar, repassar nossos valores, apoiar, orientar, mas digo aqui com convicção que é a minha filha que me ensina todos os dias. Ela me mostra que a vida é maravilhosa, que podemos ser felizes com muito pouco, que temos muito mais a agradecer do que ficar lamentando. Um abraço ou o calor da sua respiração me dá paz na vida.

É um alento diante do caos. A Yasmin me faz querer ser uma pessoa melhor todos os dias. Erro sim, mas tentando acertar. A minha vida tem um marco claríssimo: antes e depois dela. Eu fui revirada do avesso. Em me perdi, me encontrei, uma confusão de sentimentos, mas o maior deles é gratidão. Então filha, obrigada por me transformar diariamente. Obrigada por existir e fazer meu mundo mais colorido. Feliz dia “da filha que me transformou em mãe”. Te amo infinito.


(*) Alessandra Teles é monlevadense e especialista em RH

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