Desde 1984
Erivelton Braz
11 de Setembro de 2020
Tudo muda o tempo todo

Clichê a parte, a vida muda toda hora. Quem imaginou que, no réveillon do ano passado, alguém pensou que 2020 seria essa loucura toda. Pandemia, vírus, à espera de vacina ou de um novo normal. Ninguém pensou que a vida mudaria de ponta a cabeça e que o formato ao qual estávamos bem acostumados se tornaria bem diferente. 

Por isso, é preciso estar atento e forte. Tenho um amigo que costuma dizer: todos os dias, rezo para que os meus planos se coincidam com os planos de Deus. Afinal, ninguém é dono do destino. Se fosse, um vírus, invisível, microscópico, não mudaria o sentido de todas as coisas. 

A vida moderna precisa ser reinventada. As relações, a escola, o consumo. Já abri a porta do guarda-roupas e pensei: puxa, para que tanta roupa? E olha que não sou comprador compulsivo. O que vejo são os reflexos de outros tempos. Hoje, o pouco é mais que suficiente e o que era pouco antes, hoje é sobra.

As pessoas precisam se conectar consigo e com o mundo. Afinal, já não somos os mesmos e nada será como antes. Refletir sobre o que estamos vivendo é fundamental. Porque ninguém sairá da mesma forma que entrou nesta pandemia. E quem não aprender nada com isso, é porque não tem mais nada para aprender. 

Viver é também treinar o olhar. É saber caminhar por estradas novas que só existem quando a gente passa. E o melhor da viagem, como bem disse Rosa, é justamente a travessia. Nesse longo caminho que estamos percorrendo em 2020, que sejamos melhores. Que tenhamos mais empatia e mais solidariedade. Que sejamos mais conscientes de nossa finitude e que possamos entender que ninguém é dono do tempo. 

Ele, o tempo, passa sem parar e a Covid 19 ensinou que tantas reuniões intermináveis poderiam ser substituídas por um e-mail, uma mensagem de áudio, uma vídeoconferência de meia hora. Também ensinou que o tempo é precioso quando estamos perto de quem amamos e que cada dia pode ser o último.

Assim sempre foi a vida. Cheia de surpresas e desafios. E o ser humano nunca parou. Testado, o homem supera limites, inventa e cria novas oportunidades. Por isso, o homem superou as guerras, os furacões e tsunamis. Venceu outras pragas e fez do mundo um lugar melhor que antes. Essa é a lógica pois, para isso fomos feitos: sermos melhor a cada dia, superando as dificuldades e aprendendo tanto nos acertos quanto nos erros e para amar e sermos amados. 

Viver vale a pena e precisamos agradecer ao dom da vida todos os dias. A Covid vai passar. Outra doença pode aparecer e também há de ser vencida. É a jornada do tempo. Cada qual com seus tormentos. Mas também há alegrias. Há emoções e há sonhos, porque esses não podem envelhecer. Estamos vivos ainda! E essa é a verdade inconteste de nossos dias. Até o fim, sejamos corajosos, pacientes e justos. Não se pode viver de brisa, é verdade. E a tão sonhada paz, na verdade, só existe para quem partiu dessa. É de batalhas que se vive. Mas que possamos aprender que cada dia tem sua própria preocupação, como disse São Mateus. E que viver ultrapassa qualquer entendimento, como bem ensinou Clarice Lispector.  


(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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