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07 de Maio de 2021
Dia das Mães: amor que se multiplica

Mamães de primeira viagem estreiam na maternidade de forma especial

 

Há um ano, no Dia das Mães, a maternidade ainda era um sonho para a psicóloga Paula Roberta dos Santos Silva, 32, e para a fisioterapeuta e organizadora de eventos Bárbara Coura, 36. As duas monlevadenses, que se conhecerem na recepção de consultórios médicos, tornam-se mães neste ano de uma forma muito especial: engravidaram de múltiplos. Paula de um casal de gêmeos e Bárbara de trigêmeas! 
Questionadas de qual a sensação do primeiro Dia das Mães como mães, comemorado neste domingo (9), elas demonstram muita emoção. “Uma sensação maravilhosa, saber que meu sonho se realizou”, declara Paula. “É incrível parar para pensar e ver como Deus opera milagres em nossas vidas. Em meio a tantas notícias angustiantes, tristes, somos muito gratos por recebermos esta benção”, afirma Bárbara.
Paula comemora seu primeiro Dia das Mães com Henry e Sophia em seus braços. Os gêmeos nasceram de parto cesariano no dia 5 de abril no Hospital Margarida, em João Monlevade, após 37 semanas de gestação. Já Bárbara está no sétimo mês de gravidez das trigêmeas Clara, Vitória e Beatriz. A mamãe das meninas explica que a gestação de trigemelar não completa nove meses, chegando geralmente a sete ou oito meses, ou quando a saúde da mãe e dos bebês permitir. 
“Ainda não há data certa para elas nascerem, quanto mais dias e semanas desenvolvendo no útero, melhor. Como a possibilidade da prematuridade é grande, os médicos recomendam parto com obstetra especialista e em hospital com UTI neonatal disponível, caso seja necessário”, explica a mamãe. Já que em Monlevade não há esta infraestrutura, possivelmente elas irão nascer em Belo Horizonte.

Múltiplos

Casada há cinco anos com o técnico em segurança do trabalho Marlon Henrique Martins, 34, Paula conta que sempre teve o desejo de ser mãe, mas não fez nenhum tratamento para engravidar. Os gêmeos foram uma grande surpresa. “Foi uma gravidez super planejada. Tivemos uma perda gestacional em 2019 e em 2020 engravidamos novamente. Quando descobri que eram gêmeos fiquei sem reação, demorei um pouco a acreditar. Mas logo em seguida fiquei muito feliz em saber que meu bebê arco íris (que nasce após uma perda gestacional), na verdade, seriam dois”, conta. Ela lembrou que o marido reagiu muito bem, afirmando que um seria companhia para o outro. A família também ficou bastante feliz, mas todos muito surpresos.
Bárbara é casada há quatro anos com o cirurgião dentista Marcelo Marques, 36, e também já vinha pensando e planejando o momento para aumentar a família. “Desde sempre desejávamos ter filhos. Mas realmente com ritmo de vida profissional mais acelerado, ainda estávamos esperando um momento ‘ideal’ para vivermos a maternidade. Então, no início do ano passado, concordamos que seria o momento mais adequado e, a partir daí, decidimos fazer alguns exames médicos e descobrimos uma alteração. Orientados por nossos médicos e após algumas consultas, decidimos fazer o tratamento pela fertilização”, relembra a futura mamãe.
Bárbara conta que após três semanas do resultado positivo, fizeram o primeiro ultrassom para confirmar a gestação. “Já estávamos muito felizes com a notícia de um ou mesmo dois bebês. Mas mais uma vez, como para Deus nada é impossível, nos descobrimos ‘grávidos’ de três bebês! Um caso muito raro, em que duas placentas se formam, cada uma com um bebê e em uma delas o bebê se multiplicou em dois. Num primeiro momento, muito surpresos, nunca imaginávamos. Mas muito felizes com a notícia!”, relata emocionada. 

As gestações

Paula conta quer teve uma gestação bastante tranquila ao longo dos nove meses, tendo sido acompanhada em Monlevade por dois obstetras e também por um médico nutrólogo. Ela engordou cerca de 11 kg e as crianças nasceram muito saudáveis. O Henry com 2300kg e 45 centímetros e a Sophia com 2040kg e 43 centímetros. Três dias após o nascimento eles já estavam em casa. 
Bárbara, que gera uma criança a mais que Paula, está com sete meses de gestação, mas com útero compatível a uma gestante de nove meses. “É uma gestação diferente, com mais sintomas pelo nível triplicado de hormônios e que exige alguns cuidados especiais com minha saúde e a dos bebês. Mais exames são necessários, mais cuidados. Graças a Deus as bebês estão crescendo bem e com saúde”, conta Bárbara. 

Apoio e pandemia 

Questionada sobre como tem sido cuidar de gêmeos, Paula diz que falar que está sendo fácil é mentira. “Mas é gratificante quando olho para eles. O amor por eles supera qualquer dificuldade. Além disso, tenho contado com uma rede de apoio maravilhosa: papai, vovó e titia”, afirma a mamãe. 
Gestação e bebês recém-nascidos durante a pandemia também tem sido um desafio para Paula. “Já éramos cuidadosos, mas com a gestação foi necessário ter ainda mais cuidados. Após o nascimento dos bebês, foi a mesma coisa. Sem visitas, cuidado dobrado e as saídas de casa realmente só quando necessário: médico, para fazer exames e vacinas. Na situação que estamos vivendo o melhor a se fazer é evitar riscos”, explica.
Bárbara, que também já está planejando sua rede de apoio, comenta sobre o cenário difícil diante da pandemia do coronavírus. “Todas as mamães que estão tendo seus bebês agora estão encarando um cenário mais difícil – cuidados especiais e visitas mais restritas para preservar a saúde das bebês e também dos familiares”, explicou.

Amor que multiplica

A criação de gêmeos desperta muitas curiosidades e de trigêmeos, mais ainda. Paula conta que, desde que nasceram, ela já identifica diferença no comportamento dos seus gêmeos, pois “cada bebê é único e tem suas particularidades”. Indagada se pretende ter mais filhos, ela responde humorada: “brinco com as pessoas que já abri e fechei a fábrica. Eles serão únicos”.
Questionada sobre qual conselho daria para as mulheres que ainda têm dúvidas se quererem ter filhos, Bárbara também responde aos risos: “Algumas verdades precisam ser ditas, não existe um momento ideal para a maternidade, se procurá-lo, não vai encontrar”. Para ela, é possível conciliar vida profissional e a maternidade e que para grandes sonhos é necessário muita coragem e resiliência. “E sobre a possibilidade de vir múltiplos não há controle. Por isso mesmo, torna-se uma viagem ao desconhecido que exige coragem. Uma nova vida surge, onde o amor não se divide, só se multiplica!”, conta emocionada. 

Márcio Oliveira
Bárbara e as trigêmeas em pintura feita por Márcio Oliveira. Duas estão na mesma placenta e a terceira em placenta diferente
Márcio Oliveira
Bárbara e as trigêmeas em pintura feita por Márcio Oliveira. Duas estão na mesma placenta e a terceira em placenta diferente
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