Desde 1984
Luiz Felipe Maia
01 de Março de 2024
Dengue, a nova e velha pandemia

De tempos em tempos nos deparamos com notícias de que o Brasil está vivendo um surto de dengue. A doença, no país, apresenta ciclos endêmicos e epidêmicos, com explosões de casos ocorrendo a cada quatro ou cinco anos. Desde a introdução do vírus no país, em 1981, mais de sete milhões de casos já foram notificados.
Dengue é uma doença viral da classe das arbovirose (doenças virais transmitidas por insetos). O vírus causador é o DENV subtipos 1, 2, 3, 4. O mosquito responsável pela transmissão é o Aedes aegypti que tem como característica a presença de manchas brancas em pernas e dorso (formato de lira). Outras doenças podem ser transmitidas por esse mesmo mosquito como a Chikungunya, Zika e Febre Amarela Urbana.
A doença pode ser assintomática ou pode evoluir com quadros graves, como hemorragia e choque. Na chamada dengue clássica, a primeira manifestação é febre alta (39° a 40°C) e de início abrupto, usualmente seguida de dor de cabeça e/ou nos olhos, cansaço, dores musculares e ósseas, falta de apetite, náuseas, tontura, vômitos e erupções na pele com prurido (coceira). A doença tem duração média de cinco a sete dias, mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas.    
Os principais sinais e sintomas de agravamento da doença são: sangramentos (excetuando menstruação normal), dor abdominal intensa e refrataria ao tratamento, vômitos persistentes mesmo com medicação; oligúria/anúria (baixa produção de urina) e hipotensão postural. Muitos acreditam que a queda dos níveis das plaquetas seja o mais preocupante, mas o grande foco é no aumento do hematócrito (porcentagem de hemácias no volume de sangue).
Ainda não existe tratamento específico para tal comorbidade. Assim, a prevenção é o melhor remédio. O tratamento é realizado a base de analgésicos, antitérmicos e aumento da ingesta hídrica que pode ser feito no domicílio, com orientação para retorno ao serviço de saúde caso seja necessário.
A prevenção pode ser feita de duas formas. Uma pela redução ou controle de infestação pelo mosquito, a partir da conscientização da população - evitando focos de água parada (vasos, pneus, garrafas); não jogando lixo nas ruas, uso do repelente, inclusive nos já diagnosticados com a doença. A outra seria a utilização de uma vacina eficaz. No entanto, ainda não está disponível para aplicação em larga escala.
Em resumo, proteja você, sua família e toda a comunidade evitando locais de proliferação do mosquito em sua residência e assim contribua para uma melhor saúde de todos. Em caso de quaisquer sintomas descritos procure a sua unidade de saúde.

 

(*) Luiz Felipe Maia é médico em João Monlevade

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