Desde 1984
Márcio Passos
23 de Fevereiro de 2024
Falando Francamente

Minha convivência e amizade com Chico Franco são mais antigas que o município de João Monlevade. Aqui cheguei aos sete anos de idade em 1958, ainda distrito de Rio Piracicaba. Seis anos depois o distrito se emancipava e, nove anos mais tarde era o Chico que deixava Governador Valadares para, definitivamente, morar em Monlevade. Ele estava com 32 anos e eu passara dos 16, exatos dezesseis anos mais velho que eu.
Quando ele aqui chegou, eu já tinha passado pela Rádio Cultura e jornal Atualidades, além da Mapa, primeira agência de propaganda da região.
Chico, sempre com uma bagagem cultural diferenciada, entrou com os dois pés na música e na comunicação. Promoveu festivais de música e ganhou outros tantos, montou o primeiro jornal privado da cidade (Vale do Médio Piracicaba) junto com o Nino Prandini, montou a agência Atlanta e, por fim, chegou à editoria do jornal A Notícia e às emissoras de rádio.
Chico Franco era uma pessoa mais única do que qualquer outra. Culto e muito inteligente, sempre foi absolutamente (e, algumas vezes, exageradamente) franco, o que lhe gerou inimizades e distanciamentos. Nunca falava para agradar e não via problema em desagradar. Não fazia jogo. “É o que penso; quem gostar bem e quem não gostar amém” me repetiu várias vezes. Raramente, no entanto, o vi praticando ataques pessoais.
Além da convivência no A Notícia, onde tanto me ajudou e ensinou, fizemos interessante e produtiva parceria na Rádio Cultura.
Longe de mim querer escrever aqui uma biografia. A intenção é registrar o reconhecimento da importância do trabalho dele em nossa cidade e região. No dia a dia da produção diária tivemos diferenças gritantes na responsabilidade de cada um, mas jamais perdemos o respeito e o diálogo.
Há dias estive na casa dele para uma visita. No oxigênio e prejudicado pela debilidade provocada pelo Alzaimer, ele me olhou e disse “Márcio”, sem mais se manifestar.
Rendo-lhe minhas homenagens e reconhecimento, abraço aos filhos, indiferente da proximidade ou não, e deixo um fraterno abraço à esposa Neuza, companheira dedicada e que manteve as mãos dadas até a derradeira despedida.

 

(*) Márcio Passos é jornalista e fundador do A Notícia 

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