Desde 1984
Márcio Passos
01 de Dezembro de 2023
Caça e Pesca: Patrimônio de Monlevade

Filho de operário da fábrica de oxigênio na Usina da Belgo, cheguei a João Monlevade em 1958, aos sete anos de idade. Fui morar na rua Monte Santo, em Carneirinhos, até ficarem prontas as casas da vila Santo Eloi. Minha convivência social, no entanto, se dava no centro industrial com os conjuntos habitacionais como Baú, Areia Preta, Vila Tanque, avenida dos Engenheiros, Contratados (de cima e de baixo), Cidade Alta, Rua da Estação, Siderúrgica e Beira Rio, além da Tieté e Santa Cruz entre outras. Todos habitados por funcionários da Belgo, criteriosamente divididos por condição econômica e social, com o martelo sempre batido pelo chefe de pessoal da Usina, o popular e temido, Ademar Soares.
A vida social era intensa e os funcionários e suas famílias se dividiam em clubes muito frequentados e disputados: Social Clube, Ideal Clube, Grêmio, Operário e o Caça e Pesca, este último uma reserva florestal e animal de toda a região.
Vida social intensa
Frequentei muito todos os clubes, mas destaco neste texto aquele que unia todas classes em suas festas e nos domingos divertidos após a Santa Missa, na matriz onde começa sua via de acesso: Clube Caça e Pesca. A primeira lembrança que minha memória de criança gravou para sempre foram suas famosas festas juninas, muito disputadas e onde servia de tudo. Era uma festa muito aguardada e o clube ficava superlotado. Como todos os demais clubes, o Caça também recebia recursos da Belgo, o que permitia um extenso e variado calendário de atividades sociais, esportivas, culturais e ambientais.
Lembranças 
O clube era muito bem cuidado, com uma zeladoria perfeita, um zoológico com extensa variedade de animais, área completa para treinamento de tiro ao alvo, tudo cercado por uma floresta rica em árvores, plantas e flores. Bailes e horas dançantes em seu grande carramanchão aberto, onde também realizavam um dos melhores carnavais da época.
Almoço de domingo 
De todas as recordações do movimentado Caça e Pesca daquela época, destaque maior ficava para os domingos, quando centenas de famílias disputavam espaço para visitar o zoológico, percorrer os espaços com sua riqueza ambiental e encerrar o roteiro com um também disputado almoço no restaurante do clube. 
Revitalização 
Nas últimas décadas várias foram as tentativas de revitalizar o clube, aumentar a frequência de visitantes e recuperar um pouco da sua gloriosa história. Algumas iniciativas tiveram sucesso e outras nem tanto. Agora, um novo grupo procura sensibilizar a população sobre a importância do patrimônio, da história e da necessidade de apoio que o Caça e Pesca precisa para se revitalizar.
Quem usufruiu da área em seus bons tempos, precisa avaliar a importância daquele bem comunitário de valorosa história e educação ambiental, estendendo a mão para ajudar. Para aquele que não vivenciou o passado e não conhece o clube, fica um convite para uma visita e apoiar esta nova iniciativa.

 

(*)  Márcio Passos é jornalista e fundador do A Notícia 

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