Desde 1984
Erivelton Braz
01 de Dezembro de 2023
Resistir para existir

Boa noite a todas e todos!

Cumprimento o presidente da Casa, Fernando Linhares, em nome de quem, saúdo todos os vereadores. Cumprimento o chefe de Gabinete, Geraldo Giovani, aqui representando o prefeito Laércio Ribeiro e o vice, Fabrício Lopes. 
Cumprimento, especialmente, aos homenageados desta noite: Jacqueline Silvério, Rômulo Rás e Mestre Café, representante da Acazumpi, além de seus amigos e familiares.
Resistir para existir! Essa é a frase que resume bem o perfil dos nobres condecorados com a Medalha do Mérito Cultural Leonardo Diniz Dias do ano de 2023, nesta noite.
A resistência dos três, enquanto produtores culturais, artistas e mestre de saber ancestral, prova que vale a pena sempre: “lutar, quando a regra é ceder”, como ensina o grande Chico Buarque num dos hinos da MPB, Sonho Impossível.  Diga-se de passagem, canção que o músico Rômulo Rás interpreta tão lindamente e como ninguém. 
E o que parece sonho impossível, tona-se realidade...
Ser empresária, gerenciar com maestria, a única livraria e que se tornou um ponto é referência de cultura em nossa cidade, há 35 anos e, além disso e sobretudo, produzir livros, poemas, letras de música, fotografias é fomentar a arte em nossa cidade. Não é função pouca! Ela é exemplo de uma resistência firme, porém, poética! Parabéns, Jacqueline Silvério Fernandes, por suas obras, trabalhos e por manter de pé “a nossa” República Literária.
Outro sonho aparentemente inalcançável, é conseguir sucesso, reconhecimento e fama, por compor as próprias canções e interpretar inúmeras outras. Resistir é não deixar o samba morrer, é não deixar o samba acabar! É ir tocando em frente, com o sabor das massas e das maçãs. É saber ser a loba e a mulher ideal...
Além disso, é honrar com muito orgulho, a memória da grande e saudosa Neide Roberto, uma das maiores cantoras de todos os tempos da nossa região, de Minas e do Brasil. Resistir é ter a emoção e viver momentos lindos, como canta Roberto Carlos, levando- a tantos corações, por décadas. Eis o legado de Rômulo Rás, grande Rominho. 
E o que parecia improvável também se faz firme, há quase quarenta anos: ensinar a arte secular da capoeira, um dos grandes saberes ancestrais do povo negro e manter viva a memória do grande guerreiro e comandante, Zumbi dos Palmares em João Monlevade.  “Você não viu o que eu vi”, diz uma das músicas de roda de capoeira... 
Mas eu vi Mestre Café em clubes, praças, associações de bairros e espaços culturais, cercado de jovens, meninos e meninas, fazendo com seu “paranauê, Paraná”, a diferença na vida delas e de tantos outros.  Berimbau mandou te benzer! Salve mestre Café, seus alunos, alunas, professores e toda a Acazumpi!
E vocês chegaram até aqui e foram eleitos por essa comissão, em um debate democrático e sem qualquer objeção aos seus nomes, tão logo foram apresentados. Resistir para existir é levar a cultura onde o povo está. É não desistir. É inspirar, emocionar e, muitas vezes, levar esperança a quem já não a tem. 
Vida de artista não é fácil. É saber andar no fio da navalha. Mas quem disse que viver é fácil? Viver é negócio muito perigoso, já disse Riobaldo Tatarana, em Grande Sertão Veredas. Mas com arte em toda parte, viver fica menos complicado. Parabéns a cada um de vocês e obrigado por deixar a vida de todos nós um pouco mais leve. Salve os artistas, salve a memória de Leonardo Diniz Dias. 

Discurso, proferido na entrega da Medalha do Mérito Cultural Leonardo Diniz Dias, em sessão solene da Câmara Municipal, na quarta-feira (29). 

 

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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