Fim de ano batendo à porta, decoração natalina nas vitrines nos fazendo lembrar que mais um dia, um mês, um ano se foi. À essa altura, muitos fazem planos com o 13º salário. Comprar presentes, ainda que seja a famosa lembrancinha, para as festas não passarem em brancas nuvens. Outros, porém, se esforçam para reunir ingredientes dos mais típicos desta época para, nas datas festivas, reunir outras importantes coisas. Aliás, coisas não, pessoas. Ao redor de uma mesa. Num quintal sob a sombra de uma árvore. Numa cozinha simples ou em uma mansão no alto da colina.
Não importa onde, não importa o luxo ou a ausência dele. O que importa é estar cercado das pessoas que você ama de verdade e que te amam também, independente da distância. E, se me permitir um conselho para o futuro, esteja na presença até mesmo daqueles que, hoje, você não tem se relacionado tão bem, mas são importantes em sua caminhada. Finais de ano são para isso: reunir, relembrar, recomeçar.
Os presentes ao pé da árvore são bem-vindos, claro. Jamais diria que é perda de tempo se preocupar com isso. Principalmente para as crianças. Ahh, essas merecem acreditar no Papai Noel (ou no amor dos pais e familiares) e receber ao menos um dos presentes que pediu (se estiver ao alcance, registre-se). Mas, estando na presença de crianças, doe mais que apenas um embrulho com um laço de fita. Doe seu tempo, seu carinho, sua atenção. Dê sua presença de presente. Mas, mais que isso, se faça presente. Se permita brincar, acompanhar, divertir, arrancar um sorriso ou um abraço. E a atenção dispensada nas festas do final de ano, claro, devem continuar pelo ano inteiro, tá?
Não apenas as crianças merecem sua atenção e seu tempo. Seu pai ou mãe, filhos já crescidos, aquele outro familiar com quem você tem tanta afinidade, todos agradecerão pela sua presença. E, quando digo presença, estou me referindo à presença física, com abraços, histórias, comidinhas compartilhadas, música de fundo se gostar. 'Presença presente' mesmo. De verdade. Com celular desligado ou, no mínimo, longe do alcance, de modo que não seja acessado incansavelmente. 'Presença presente', lembra-se?
Agora, não seria eu a escrever sobre o que acredito para as festas de final de ano se não te lembrasse de algo muito-muito importante. Registre! Registre tudo o que puder. E não estou falando em volume de fotos. De jeito nenhum! Você não precisa encher seu celular para ter os melhores momentos guardados. Sabe algo que pouca gente registra, mas que no futuro sentirão saudade por não poder mais ver a cena? O movimento na cozinha! O fogão e a mesa repleto de panelas e ingredientes para a ceia ou almoço de Natal ou Ano Novo. O ir e vir daqueles que auxiliam quem cuida da comida. O cheiro dos temperinhos no ar… ah, esses não saem na fotografia, precisarão se manter vivos em sua memória.
Para além da mesa posta, do banho tomado e cabelos minimamente arrumados ou aquele look especial e maquiagem de festa, o lado B das festas do final de ano merece sua atenção. Vai chegar o dia que aquela comida cheirosa mudará de mãos e terá outros temperos. A cozinha, quem sabe, ficará vazia e a comida será encomendada. Talvez até o local das reuniões festivas não seja mais o mesmo. Mas você terá as mais vivas lembranças através da fotografia. Fotografe. O lado B e o lado A. Todos arrumados e o caos dos preparativos. A casa cheia ou nem tanto. Os abraços. Os sorrisos. O choro, se ele também vier. Diga que ama, que sente falta. Leve flores. Seja grato.
E esteja presente. De verdade.
(*) Débora Guimarães é jornalista e fotógrafa. Apaixonada por criar, guardar e compartilhar memórias, pois acredita que toda memória importa!
