Desde 1984
Erivelton Braz
01 de Setembro de 2023
Ousadia necessária para sair do lugar

O que esperar do próximo prefeito de João Monlevade? A pergunta é pertinente e faz-se necessária neste momento, a cerca de um ano das eleições. Enquanto nos bastidores as movimentações políticas seguem fervilhando, muitos ainda não se questionaram sobre como será a gestão da cidade nos próximos anos. A política move o mundo e não pode sair de pauta. 
Considerando o anúncio de R$4 bilhões de aporte em investimentos na ArcelorMittal e as obras de expansão da unidade, João Monlevade viverá, talvez, o maior momento de sua história recente. Como o diretor Fabiano Cristeli me disse em entrevista (você confere no caderno especial que circula nesta edição), será uma nova usina, como se começasse do zero. Porém, agregada à que já existe. 
Ou seja: é anúncio da construção de uma nova fábrica, sinal de futuro próspero, aumento de arrecadação e geração de empregos. Sem dúvida, um novo tempo para a Usina e para Monlevade vem aí. É oportunidade da cidade avançar e se transformar. Com mais recursos no orçamento e com um clima novo e de prosperidade que se anuncia, o próximo prefeito de João Monlevade precisa agir e pensar diferente. A começar pelas propostas e sem deixar de ser considerados também os perfis dos candidatos. Afinal, quem tem condições de chefiar um grande projeto para levar Monlevade para frente? 
É hora de deixar de ser mais do mesmo, de inovar e mudar, com ousadia e coragem. O próximo prefeito deve ter um olhar grandioso de “JK”, uma visão e força de futuro, num grande projeto de cidade. Monlevade pode e merece mais. Por exemplo: que tal revitalizar e transformar o centro histórico numa grande área de turismo e cultura? Reformar a igreja São José Operário, revitalizar a gruta, com um projeto moderno de iluminação? 
Aproveitando a região, que tem semelhanças com a coirmã Esch Sur Azette em Luxemburgo e revitalizar todo o casario do Tietê, num grande programa de educação patrimonial e identidade cultural. Falando nisso, por que não dar sequência ao projeto Laço, com ações de integração, através das culturas, das memórias e das identidades em comum?
É isso que falta: Monlevade precisa voltar a conversar com a Europa e deixar de ser desconectada do planeta. A cidade foi iniciada por um francês, construída por um luxemburguês e já teve inúmeros projetos internacionais que acabaram, como os que havia na Arpas, com freiras holandesas...
Falando nisso, por que não se assumir como Capital Mundial do Fio Máquina, não apenas com um título, mas com ações concretas e conexões nacionais e internacionais. Por que a cidade não sedia seminários, festivais, eventos, ligados ao aço e seu papel no mundo?  
E junto, a cidade precisa transformar o Floresta Clube num verdadeiro santuário natural, com trilhas em meio à mata, sem deixar de lado a importância afetiva da comunidade, na junção de preservar a história e o meio ambiente. Aproveitando, desenvolver um grande programa de valorização do centro histórico e núcleo original do município. Revitalizando fachadas das casas originais e transformar a Escola Santana na Casa Jean Monlevade de Cultura, um Museu do Aço, com cursos, oficinas, exposições, mostras, teatro, etc... 
Hoje, Monlevade necessita de um Plano Diretor arrojado, que venha para mudar a realidade local. O plano será votado de novo e deve tratar de temas urgentes: Precisamos de mais loteamentos? E as obras estruturais para evitar enchentes na região central? E o modelo de estacionamento? Como ter mais calçadas, amplas e padronizadas, beneficiando o comércio e os pedestres. O conceito de “Cidade Shopping” precisa ser melhor trabalhado com a CDL e Acimon. Isso envolve um projeto de repaginação e melhoria do centro, incluindo as fachadas das lojas, melhorias dos banheiros públicos, por exemplo. 
Os postos médicos precisam funcionar até mais tarde, com médicos e equipes para atender, desafogando o hospital. E os bairros periféricos precisam de mais atenção, mais lazer, mais oportunidade para crianças e jovens em programas de formação e capacitação. Afinal, por que há um programa de desenvolvimento social, envolvendo empresas e a comunidade? E as start ups e universidades? Por que não criar um núcleo de projetos e prestação de serviços para aproveitar o conhecimento dos universitários? Não caberia aqui um parque tecnológico? 

 

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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