Desde 1984
Eduardo José Quaresma
18 de Agosto de 2023
BR 381: Será infarto ou aneurisma?

Recentemente, conversei com o grande articulista, artista e defensor da duplicação da BR 381, Marcos Martino, sobre as condições e o futuro da BR 381. Ele falou, principalmente, do gargalo da entrada de BH para quem sai de João Monlevade. Disse-me sobre uma conversa com o ex-deputado José Santana de Vasconcelos a respeito de uma proposta que pode solucionar parte dos problemas da 381. “Antes de duplicar, tem de focar as ações no trecho mais crítico, que deve ser de mais ou menos 10 kms entre Caeté a Belo Horizonte. Se resolverem aquele gargalo diminuirá grande parte do stress da 381. Aquele trecho é que gera congestionamentos gigantescos”, defende Santana.
E é exatamente sobre isso, que venho descrever sobre o tema. Dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontam que mais de 60% das cargas do país e mais de 90% dos deslocamentos de passageiros do Brasil são feitos por rodovias. O desgaste natural e a falta de investimentos em manutenção e melhorias fazem algumas estradas apresentarem perigo à vida de motoristas e passageiros. E pouco tem sido feito, o número de usuários aumenta e as rodovias permanecem inalteradas.
O Rodoanel da região metropolitana de BH foi novamente apresentado, com o seu início em Ravena e, realmente, vai impactar mais diretamente esse congestionamento, pois grande parte dos veículos seguirão para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília sem passar pelo atual anel rodoviário, já em situação de exaustão. Mas para quando será? O projeto ainda não foi aprovado, ainda falta licenciamento ambiental e desapropriações. Além disso, tem gestores que são contra. Situação ainda incerta e indefinida...
Enquanto o Rodoanel não se torna realidade e o leilão da BR-381, marcado para novembro (onde não se tem a certeza de que alguma empresa sequer apresentará propostas), entendo que algumas intervenções na rodovia favoreceram o surgimento e aumento dos congestionamentos. Principalmente, na entrada de BH. A saber: o radar instalado recentemente em frente ao posto de combustível após Ravena; a instalação de um trevo antes da PRF com redutores de velocidade na própria Polícia Rodoviária Federal que coloca as pistas da BR nas laterais; o trevo de Santa Luzia que favorece o trânsito pelas laterais e afunila na saída; a entrada e saída de caminhões do Posto de Combustíveis após o trevo de Santa Luzia com veículos parando para dar passagem; o radar antes da Ponte do Rio das Velhas, que pode ser substituído por uma passarela.
Todas essas intervenções somadas agravam o congestionamento de veículos. E é aí que surgem a imprudência e falta de educação dos motoristas que querem compensar o atraso devido aos congestionamentos, viajando em alta velocidade e colocando em risco suas vidas e a de terceiros.
Aproveito e apresento também considerações sobre outros três pontos de estrangulamento que impactam os usuários da rodovia na região: dois pontos mais possíveis de se tornar realidade e um que requer manifestação política e da sociedade. O primeiro seria a conexão da rodovia já duplicada com o trevo de Caeté. Trata-se de obras de terraplenagem, drenagem e pavimentação com custos que podem ser alocados dentro do próprio DNIT.
Outro ponto é o trevo de João Monlevade, entrada para a avenida Alberto Lima. Ali, poderia projetar um novo acesso, em acordo com o modelo já executado no trevo da avenida Armando Fajardo. Uma ação da Prefeitura com o DNIT pode tornar essa ação factível.
O último ponto, mais difícil, mas devido à boa topografia e logística, seria unir o início da duplicação, antes do trevo de Barão de Cocais, com o novo trevo de acesso ao município de São Gonçalo do Rio Abaixo. Assim, ficaria duplicado o trecho entre os dois trevos (São Gonçalo e Caeté) garantindo mais segurança aos usuários nas interseções.
Essa situação, evidentemente, deve ser estudada e fundamentada em estudos na rodovia pelos técnicos para servir de base para melhorar essas intervenções. A Engenharia de Tráfego possui, atualmente, tecnologias suficientes para implantar novas soluções técnicas inovadoras, que podem melhorar e atenuar os problemas atuais, mesmo antes do leilão da BR-381 e o Rodoanel.
Enquanto isso, a dica é verificar o horário e dia do movimento de pico na rodovia e, sempre que possível, viajar em horários de menor movimento. Quando isso não for uma opção, sair com calma, ciente dos problemas que engarrafamentos e acidentes podem causar, pois se providências não forem tomadas a tendência da situação atual, infelizmente, é piorar, pois da forma que está acontecendo a rodovia pode paralisar o fluxo, e aí pode ocorrer um infarto ou aneurisma. E boa viagem a todos, sempre com a proteção Divina.

 

 

 (*) Eduardo José Quaresma é engenheiro civil, Conselheiro do Crea-MG e Secretário em São Gonçalo do Rio Abaixo

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