Desde 1984
Marcos Martino
02 de Junho de 2023
Extinção por Obsolescência

 Eu sei que o novo sempre vem, como cantou Belchior e não há muito que se possa fazer. Afinal, o tempo é cíclico e nada será igual para sempre. Mas será que vai sobrar alguma coisa pra nós seres humanos fazermos? 
Vejamos um dos assuntos mais comentados do momento: os poderes e a capacidade executiva da Inteligência Artificial ou IA. Esse sistema já produz tudo em termo de textos. A partir de comandos e descrições do que se quer, é capaz de escrever roteiros de filme, petições, poesia, artigos de opinião, crônicas... faz de tudo. É só pedir. 
A IA está evoluindo na música também. É capaz de compor. Em caso de voz, sinto muito, pois tenho amigos e grandes profissionais da área. Mas através dela, é possível gravar spots, peças publicitárias, comerciais... Nesse ritmo, os locutores já podem procurar outros empregos. Afinal, quem vai pagar um cachê para um locutor específico, sendo que há zilhões de modelos de vozes quase gratuitos?
Em outras áreas, a IA já está fazendo filmes inteiros também. Design, nem se fala. Esses dias eu comentei: acho que vou voltar para a roça e criar galinhas. Mas não vai adiantar também. Já estão fazendo carne artificial, de frango, de peixe, de boi e de porco...
A gente pensa... pelo menos tem os serviços braçais né? Pode ser a saída. Mas vem chegando também os robôs faxineiros, que fazem faxina com infravermelho. Não fica uma partícula de poeira. E estão chegando também os carros sem motorista, os autônomos. Caminhões, taxis, tudo muito mais seguro. Se bobear lançam até um robô Ricardão, tipo amante profissional. 
Eu tava pensando: os cavalos, os burros, jumentos e congêneres perderam muito da sua utilidade. Não vemos tantos equinos mais pelos campos. Foram substituídos pelos cavalos de aço, pelas motos, pelas robustas máquinas. E o ser humano tá indo pelo mesmo caminho...
Os dinossauros, os gigantes que mandaram no planeta l, já não caminham mais na Terra há milhões de anos. Sem exagero, já parou para pensar em quantas coisas ficaram obsoletas com o passar do tempo? Falando nele, é preciso aproveitar e aproveitá-lo bem porque ele está passando num piscar de olhos. Aliás, a ampulheta quebrou.
Quase tudo é medido em cliques, curtidas e deslizes de dedos pelas telas. Os valores se medem pelo engajamento. Não importa o que se faça, desde que tenha comentários e compartilhamentos. As fake news, por exemplo, alimentam esse sistema. E há políticos que aprenderam com isso: quanto mais pareça absurdo, melhor. É isso o que dá repercussão e fama. Os tempos mudaram pra valer. E você, como profissional ou ser humano, está pronto para esses novos desafios?

(*) Marcos Martino é alvinopolense, ativista cultural e compositor

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