Pensei, pensei, pensei e cheguei a essa conclusão: sou de centro. E explico o porquê: gosto e não gosto de coisas dos grupos de direita e de esquerda. E tenho honestidade intelectual suficiente para não passar pano para o que considero errado ou equivocado. Por isso, não sirvo para os dois blocões predominantes hoje em nossa política. Porque o apoio aos símbolos e ideologias que dão substância aos extremos têm de ser incondicional. E alinhamento automático para mim não funciona.
Além do mais, tem certas coisas que vou te contar... Eu por exemplo, adoro as cores e os símbolos brasileiros. Adoro o nosso verde amarelo, a nossa federação, gosto do Hino Nacional, da Bandeira e da Independência. Nesse sentido, sou até conservador. Opa! Mas ser patriota é ser de direita. Você é de direita Marcos Martino? Ora bolas! Então ser patriota é ser de direita?
Acham mesmo que ser de esquerda é desamar o país? Só pode ser piada! Mas eu gosto da arte e da cultura, gosto de Caetano, Gil, Chico Buarque, Bethânia. Mas espere aí: os artistas são todos de esquerda. Quer dizer então que você é de esquerda? Estão vendo como funciona? Está bom então. Sou de direita, sou de esquerda, sou de centro... Posso gostar e não gostar. Sem rabo preso. Posso ser patriota, mas também posso ser ambientalista. Assim como posso simpatizar com a causa LGBTQIa+, mas não concordar com a invasão de terras pelo MST. Posso ser de direita, mas não concordar com fakenews ou com movimentos anti-vacinas. Posso simpatizar com muitas coisas da esquerda, mas considerar TODES uma idiotice...
Eu posso ser o que eu quiser. Ah, mas ser isentão é uma covardia. A pessoa tem de se definir. Mas como assim? Se a pessoa se definir, significa aceitar e bater continência para tudo que o 'comandante' diz, estou fora! Que me perdoe Dante Alighieri, que escreveu na imortal obra a Divina Comédia que na parte mais sofrida do inferno estavam os isentos. Que coisa! Política até na Divina Comédia? Quem aguenta?
Pois eu sou é de centro! Político de centro no mundo só o Macron, presidente da França. Você conhece outro? No Brasil, não existe centro político oficial. Só identificamos extrema direita e esquerda. Mas temos um centro informal... o nosso centrão? Não é uma centralidade assumida, pois o nome centrão rima com corrupção por aqui... Teve até aquela musiquinha... se gritar pega centrão... não fica um meu irmão.
A marca desse centrão é o fisiologismo. Se tiver governo de direita, estão juntos. Se o governo for de esquerda, tá lá o centrão de novo. Bem, não é exatamente o que eu penso em termos de centralismo político, mas já que é esse o que existe, que seja. Jamais me iludi com o simplismo das afirmações de que Deus e o bem são de um lado e o diabo e o mal moral são do outro lado. Para mim, Deus e o capeta pisam dos dois lados...
E eu sou é Centrão. Eu é que mando no Brasil. Então, já que eu mando, vou mandar uma ordem aqui: a partir de hoje, chega de ódio! Todos vão se amar, as fakenews estão proibidas e o sol será pra todos: da direita, da esquerda, do centro e alhures. E viva o juízo!
(*) Marcos Martino é alvinopolense, ativista cultural e compositor
