Desde 1984
Marcos Martino
03 de Fevereiro de 2023
Viva João Bosco Pascoal

Os iluministas têm o dom de lançar luzes sobre as trevas e conduzir a humanidade a alguns passos à frente. Jean de Monlevad foi um exemplo de iluminista. Sua 'luz' foi tão forte, que brilha até hoje e Iluminou o futuro, que é o nosso presente. Eu ousaria dizer que outro iluminista que pisou nessa cidade foi João Bosco Pascoal.

Esse setelagoano de nascimento, colocou João Monlevade no mapa dos grandes eventos nacionais. Durante o tempo em que trabalhou com produção, os maiores artistas do país se apresentavam na cidade e Monlevade se destacava na mídia por causa de sua  exuberância cultural (hoje em dia, a cidade se destaca quando tem acidentes na 381, com vítimas no Hospital Margarida ou nas vergonhosas enchentes anuais). 

João Bosco atuou em diversas áreas. Foi locutor e apresentador como poucos, mestre de cerimônias da melhor qualidade, vereador, um sujeito admirado em toda a região. Acho que o termo embaixador de João Monlevade seria até o mais apropriado. Lembro-me dele no extinto programa Discotape, do saudoso Dirceu Pereira. Ele participava como jurado e divulgava João Monlevade e suas coisas, sempre com muita elegância. Era querido da mídia, comunicativo e ótimo gestor cultural. Foram diversos eventos inesquecíveis durante o tempo em que ele atuou.          

Em Monlevade havia a Expomon, que não deveria ter acabado nunca... afinal, trata-se de uma cidade eminentemente industrial e urbana. Uma terra de progresso e inventividade. Para quem não sabe ou esqueceu, a Expomon era uma vitrine para mostrar o que era feito na cidade e pra trazer as novidades do mundo para João Monlevade (muito mais pertinente que os eventos agropecuários. Afinal, Monlevade quase não tem área rural). 

Foi marcante o Festival de Música que ele fazia em Monlevade. Como era empresário do Roberto Carlos em Minas, aproveitou sua amizade com o rei e fez em 1974, o FESTIAÇO, um festival de música inesquecível, que teve ninguém menos que a estupenda Vera Fischer apresentando, Erlon Chaves e Elke Maravilha no juri e shows de Jair Rodrigues e do próprio Roberto Carlos. Foi um evento marcante que inspirou festivais em toda a região, inclusive o de Alvinópolis. Aliás, em Alvinópolis, João Bosco também foi apresentador de festivais e era muito respeitado, assim como em outras cidades do Médio Piracicaba. Depois que arrendou o campo do Flamengo, trouxe uma série de grandes e inesquecíveis shows para a cidade.    

Já me disseram que depois que ele se foi, a cidade nunca mais foi a mesma. Perdeu a alegria. Quando um iluminista se vai, fica um vácuo de luz difícil de ser preenchido. Acho fundamental divulgar o trabalho de figuras tão notórias que marcaram época e nos mostram que podemos ir além. Que saibamos, assim como os orientais, reverenciar nossos ancestrais e honrar seus feitos.           

Sou muito grato ao João Bosco e a outras figuras, pois de forma indireta, foram responsáveis por eu compor letras de músicas e escrever textos. Sem dúvida, se ele não tivesse semeado os festivais, talvez eu não tivesse desenvolvido o dom da escrita e tivesse me tornado um funcionário em uma função utilitária qualquer. Não que seja desonroso, mas eu não desenvolveria as minhas aptidões artísticas. 

Por isso, sejamos também iluministas. Que ousemos fazer melhor, com coragem e autoestima lá em cima. Acendamos nossas estrelas para iluminar os caminhos.  E precisamos homenagear e reverenciar as memórias dos grandes heróis.  Viva os iluministas. Viva João Bosco Pascoal.

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