Desde 1984
Alexsandra Mara Felipe Fernandes
16 de Setembro de 2022
Por mais projetos transformadores

Junto a outras 50 mulheres de João Monlevade, tive a felicidade de participar do Projeto Bordando Memórias -- Bordando Recordações. A proposta proporcionou aprendizados, mas sobretudo, fortaleceu laços de amizades e de esperanças para uma vida melhor. 

Sou moradora do bairro Santa Cruz, uma comunidade esquecida, mas que recebeu esse lindo projeto, capacitando 25 mulheres. A verdade é que tivemos um curso que foi muito além de ensinar técnicas de bordado. Tivemos a oportunidade de vivenciar experiências e agora, reivindicar que mais projetos como esse voltem ao nosso bairro. 

Cursos e oficinas disponíveis, em sua maioria, são ofertados longe de nossas casas, dificultando a participação de moradores da periferia. Por mais cursos, projetos e eventos culturais no Centro Industrial, Jacuí, Pedreira, Tietê, Siderúrgica, Santa Cruz. Afinal, é nessa região que está a Usina que produz as maiores riquezas do nosso município. Que esses bairros sejam tão bem cuidados quanto os outros. 

O projeto Bordando Memórias é uma iniciativa da Eva Comunicação, produtora de arte e cultura capixaba, junto ao grupo Meninas Bordadeiras de Burarama (ES), que há mais de quinze anos, ensinam técnicas de bordados para comunidades do interior daquele estado. A proposta resgatou histórias afetivas individuais e coletivas de mulheres, dando luz às características locais das vidas delas, através de oficinas de bordado e memória. 

O objetivo principal do projeto foi estimular a produção manual, a valorização do trabalho feminino e incentivar a geração de renda. Muitas mulheres continuam bordando, mesmo após o encerramento. O curso chegou ao coração de um menino de 8 anos, que se encantou ao ver a avó bordando e essa criança resolveu bordar também. Que alegria testemunhar esse acontecimento.

Por isso, queremos mais projetos que causem impactos positivos, que empoderem, que ajudem a comunidade a melhorar. Nosso desejo é que todas as mulheres, de todos os lugares, lutem para serem vistas e notadas. Afinal, existimos e temos nosso espaço, nossa luta, nossos direitos de querer uma vida mais plena. 

Percebi que muitas dessas mulheres tinham depressão, ou não se achavam capazes. Mas a oficina despertou algo nelas. Afinal, aprender a enfrentar os desafios é um exercício constante, requer paciência, determinação, confiança em si e muita fé.

Todos nós temos armazenados em nosso ser, uma reserva de forças fantástica, força essa, que não imaginávamos possuir. Mais uma vez, é preciso afirmar: mulher não desanime, mergulhe dentro de você, acalme-se, levante-se. Seja você, seja feliz e não perca nunca o direito de sonhar e nem de se capacitar. Volte à superfície da vida e ressurja das cinzas como a Fênix!

 

(*) Alexsandra Mara Felipe Fernandes é integrante da Associação Monlevadense de Afrodescendente 

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