Desde 1984
Tayra Marques
09 de Setembro de 2022
Será que é bom termos nossa verdade absoluta?

Acredito que a pergunta presente no título desse texto já te dá a resposta correta. Quem tem a verdade absoluta? Se sua resposta for: ninguém!, isso demonstra que você sabe que sua verdade pode não ser verdadeira.

Se sua resposta for: Tenho!, então te direi o quanto você precisa rever seus conceitos. Pois uma verdade milenar, que até então era incontestável, pode deixar de ser verdade com as evoluções as quais passamos por elas. Quando o filósofo francês René Descartes disse: 'Je pense, donc je suis', frase traduzida em 'Penso, logo existo', a realidade disso era que o filósofo queria colocar em xeque tudo que na época já se sabia de nossa existência. Ele queria levar as pessoas a duvidar de suas verdades absolutas, a pensar em sua existência, a rever seus conceitos. Coisa que a humanidade deve fazer para sua evolução diária. 

Pensando assim, vejamos o cenário que temos hoje. A um mês das eleições temos dois polos se acusando dia e noite. É como se não houvesse mais nada, apenas dois lados e somos obrigados a ser de um lado ou de outro. E uma grande verdade deve ser observada: mais considerável que as eleições presidenciais são as eleições do nosso parlamento, dos deputados e dos senadores que você irá escolher. 'Um bom congresso consegue barrar um mau presidente'. Nessa dicotomia que temos, ouço bastantes frases como: 'Será o amor contra o ódio.' Que amor? Você ofende o outro lado como se a verdade absoluta estivesse em suas mãos? 'Será a honestidade contra a corrupção.'

E quem é incorruptível no meio político? Para ser, este alguém tem que vencer o sistema e ter convicção de seu caráter. Essa coragem é para poucos. Julgar o ser de cada um é diferente de julgar a atitude política de um indivíduo público. A partir do momento que o indivíduo se empenha a ter minha avaliação, meu voto, minha confiança em troca a receber dinheiro público por isso, posso julgar suas atitudes políticas. Apenas assim. 

Vendo a polarização, na política, enxergamos claramente que há dois posicionamentos opostos e extremos hoje, vemos dois lados de uma batalha 'sangrenta' e cheia de argumentos embasados nas verdades absolutas de cada um com fatos e colocações. E tais lados não se permitem rever seus conceitos e dizer: Será? A verdade é que infelizmente para quem quer duvidar, pensar e existir, os dois lados desta centralização são ruins para o Brasil. Deveríamos ter um leque de opções, deveríamos ter menos ou nenhum dinheiro público para bancar tais opções, deveríamos ter mais oferta e menos, muito menos procura por cargos políticos. A política no Brasil deixou de ser uma opção sensata de liderança para ser uma profissão. E a política não é uma profissão.

Pense bem, quando você colocar seu político de estimação como uma 'verdade absoluta'. Você pode ser desmentido em uma simples lavagem de carros ou até mesmo nas palavras de seu político endeusado. Nenhum extremo é bom! Indo mais além, será que você está polarizado? Vá por mim, ter apenas um lado não é bom e ter vários não é bom. Eu aprendi isso, duvidei, pensei e logo me abri para um campo maior de visão. E você? Tem coragem de duvidar, pensar e assim existir em um mundo maior do que este que sua mente te traz?

Que façamos para o país aquilo que devemos fazer, não o que nosso partidarismo insano nos ensina. Não o que a polarização nos mostra, não o que achamos como nossa verdade absoluta.

 

(*) Tayra Marques é administradora e gestora pública pela Universidade Estácio de Sá.

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