Desde 1984
Marcos Martino
29 de Julho de 2022
Meu coração não se cansa de ter esperança

O governador Zema esteve em João Monlevade para uma reunião na Amepi e entre outras coisas, prometeu destinar recursos de indenizações da Vale às obras de duplicação da BR- 381. Dá para confiar? Ele se omitiu esse tempo todo. Eu sempre achei que o governador deveria se envolver mais, afinal, embora a jurisdição da BR seja nacional, os problemas são estaduais e municipais. Mas enfim. Se o governador mudou de ideia, ótimo. 

Importante dizer que a conversa sobre a duplicação é antiga. Remonta os anos 80. Mas foi no Governo Dilma que o sonho começou a sair do papel. Tudo parecia que ia dar certo. As obras seguiam céleres. Havia até prazo para conclusão. Mas a coisa desandou. Tivemos o governo tampão do Temer e nada. Aí veio o governo Bolsonaro. O ministro Tarcísio começou a todo vapor. Inaugurou 37 km de BH a Monlevade e prometeu licitação para continuar a obra. Mas para nossa decepção, também nos enrolou. Passaram 4 anos prometendo que iam licitar, só adiando e tudo ficou para o último ano de governo. Ano eleitoral né? Só que deu zebra. Quando fizeram a licitação, não apareceu interessado e tudo voltou à estaca zero. Mas a chegada de eleições faz milagres. Estou vendo muita gente sonhando de novo. E quero me juntar aos otimistas. 

Desistir não está no radar. Muito pelo contrário. É oportunidade de fazermos uma tempestade de ideias. Tem tanta coisa que pode ser feita. A começar por campanhas permanentes de educação e comunicação, além de fiscalização eficiente e punições exemplares aos infratores. Que tal tirarmos proveito do momento eleitoral? Vejo que a maioria dos candidatos diz que vão apoiar a luta pela 381 e isso é excelente. Se pensarmos bem, os principais temas já estão na mesa. 

E é hora de pensar diferente. Por exemplo: o governo deveria duplicar com recursos próprios e só depois privatizar. Primeiro porque já está claro que as empresas não querem pegar a situação no estado que está. Depois, dá para privatizar de um jeito racional, que seja bom para todos: concessionários, governo e usuários. O que foi tentado, até agora, não funcionou. Se o governo tem dinheiro para orçamento secreto e fundão eleitoral, por que não pode dispor de uns R$3 bilhões para essa obra tão crucial? 

Seria importante também convocar as instituições, as indústrias instaladas na região e o próprio povo. Destaco o papel importante da Amepi, cujo atual presidente Fernando Rolla tem levantado a bandeira da duplicação há anos e se uniu agora às associações comerciais da região para o assunto. 

Só me permitam uma crítica pontual: fizeram uma campanha bem humorada usando tartarugas, lesmas e tanques de guerra. Não sei. Acho o assunto muito sério e que precisa comover não pelo humor, mas pelo terror, porque o que temos é um triller de dar medo com a nossa complacência. Estamos naturalizando o sangue quente no asfalto, o ferro retorcido, cargas saqueadas e congestionamentos sem fim. Convoco a comunidade a não deixar o assunto esfriar. Desafio o jornal A Notícia e o seu editor, o meu amigo Erivelton Braz, a criarem um fórum permanente, chamar os políticos ao debate, para que se comprometam. Quem sabe com uma carta de compromisso com a vida, nossa e dos nossos amigos, com nosso presente e futuro, com nossa BR 381, enfim duplicada. Ah! E com 5G em todo o trajeto.


(*) Marcos Martino é alvinopolense, compositor e ativista cultural

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