Desde 1984
Marcos Martino
04 de Março de 2022
Qual o papel da música na sua vida?

A música é um importante meio de comunicação. Além de se prestar ao deleite psíquico e intelectual, é canal, é mídia, é ferramenta. Principalmente, para vender. Sejam produtos, sejam ideias. E tem música para tudo... Tem a música publicitária e comercial como jingle. Tem o formato tradicional de 30 segundos, quase universal. Mas nada impede que se produza músicas comerciais ou empresariais com 45 segundos, de um ou até 3 minutos. 


As rádios ainda mantêm a métrica, mas na internet, praticamente não há limites, a não ser cognitivos. A música também se presta à transcendência, à contemplação. Quem conhece os feng-shuis musicais? A música oriental? Produzem a calma da alma, desaceleram e favorecem a meditação. 


Tem músicas por exemplo para disseminar pensamentos políticos. O que dizer de músicas como “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, do Geraldo Vandré? Vai me dizer que não impregna os sentidos? Uma música como “Até Quando Espera?” do Plebe Rude também que bate pesado na política. Cazuza fez o mesmo com “Brasil” e a Legião Urbana com “Que País é Esse?”. 


Já tivemos canções ufanistas também no passado. Inclusive, uma delas, voltou a ser cantada em defesa do atual governo federal: 'Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde amarelo branco azul de anil. Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Ninguém segura a juventude do Brasil'. 


Também tem músicas para a educação religiosa, para propagar os conteúdos das religiões em suas diversas segmentações, um mercado que movimenta cifras astronômicas. Tem música para induzir a prática esportiva, música para ginástica rítmica, com a dosagem e bits estudados matematicamente. Também tem os dobrados de bandas, as músicas marciais, no passo da tropa, com furor cívico. A música também pode ser usada para educar, para passar conteúdos, para introjetar comportamentos positivos. 


E tem música no silêncio, tem os sons do cotidiano. Ao nascer, o choro é música e para morrer, tem os cânticos fúnebres. Tem música que balança todas as moléculas, que coloca as células para rebolarem, swings irresistíveis de ritmistas geniais que temos às pencas no Brasil: Ben Jor, Gil, Zeca Pagodinho, Tim Maia e tem a música sensual, dos funkeiros, o tribalismo induzido pelo bate estaca da música eletrônica. E tem a MPB, impregnada de poesia, festa para os sentidos e para o intelecto. Mas por incrível que pareça, acreditam que já encontrei gente que não gosta de música ou a ignora? É vero. Mas também já encontrei gente que não consegue sequer dormir ou viver sem música. Eu mesmo, que sou músico, vivo dela. E para você? Qual o papel da música na sua vida?


Marcos Martino é alvinopolense, compositor e ativista cultural

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