Desde 1984
Marcos Martino
28 de Janeiro de 2022
O “enrolation” da 381

Antes de começarem essa obra, a gente vinha de BH para Monlevade em 1h50. Hoje, quase sempre a gente encontra congestionamentos e não dá pra prever tempo de viagem. Eu fico pensando. Será que não teria sido melhor que nem começassem a duplicar a rodovia? A qualidade das viagens caiu e a estrada ficou muito pior, a despeito do trecho duplicado. As viagens ficaram mais 'garradas', tudo piorou e muito. 


As desculpas de sempre

Os acidentes têm acontecido com grande frequência. E continuam as desculpas ah...é difícil indenizar o pessoal na entrada de BH...é difícil isso e aquilo. A obra é muito cara. Mas por que é difícil só para nós? Fazer uma ponte no meio do rio Xingu, um rio gigante que até parece o mar é possível. Duplicar várias BRs, construir ferrovias no meio do nada é possível. Leilão da Regis Bitencourt de R$14 bilhões é possível. Mas duplicar a 381 não. Deveriam dizer de uma vez que não estão nem aí para Minas e parar de enrolar. 


Mas vem eleição por aí

O governo atual inaugurou uma parte cujas obras já estavam adiantadas. Vem se comprometendo a fazer o leilão desde o primeiro mês de governo. Foi jogando de um semestre pro outro até chegar no final do ano passado, quando marcaram três datas e adiaram todas. E remarcaram para fevereiro, inicialmente, dia 7 e já adiaram para o dia 25. Mas agora deve sair. É ano eleitoral. Coincidência né? Muita magia no ar... 


Mas será que vale à pena?

Sinceramente, essa história de três praças de pedágio, para começarem as obras daqui a não sei quantos anos, tem cheiro de “enrolation”. Não vemos debates sobre obras e ações emergenciais. Perdura o “enrolation” na entrada de BH, na falta de um trabalho permanente de conscientização, fiscalização e punição aos infratores. São debates que deveriam acontecer a despeito da duplicação. Mas nada acontece. As empresas instaladas na região como Arcelor, Vale e Gerdau fingem que tá tudo bem. Nunca vimos um pio sequer de reclamação ou sugestão. Representação federal, não temos. A região não consegue eleger um deputado federal sequer e nossos estaduais também não parecem tão interessados assim. Aparecem nos eventos, fazem discursos e fica por aí. 


Não vemos fortes oposições 

Se tivermos um governo novo, qual será a postura? Não é muito estranho pagarmos por obras futuras, com o histórico que temos de empresas que abandonam as empreitadas? Quais garantias teremos? Não sei não. Já que adiaram até agora, talvez seja melhor aguardar a eleição. Melhor discutir com a sociedade sobre essas três praças de pedágio, já que as obras vão começar só Deus sabe quando. Ainda mais que não sabemos qual será o resultado das eleições. Seria legal ouvirmos outras opiniões. 


(*) Marcos Martino é alvinopolense, compositor e ativista cultural

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