Desde 1984
Alê Teles
11 de Junho de 2021
“Simples assim” às vezes não é tão simples
A vida deveria ser mais simples.

Não cabe reticências, ponto e vírgula, talvez algumas exclamações de surpresas boas e interrogações do porquê complicarmos algo que poderia ser atalhado.

Nem sempre é tão “simples assim” e minha teoria está indo para o ralo abaixo nas últimas semanas. O jornal virou uma reprise de tragédias e tristezas aumentando nossa aflição diária. Decidi dar um tempo nos noticiários.

Sigo para o trabalho. Tento buscar um pouco de asfalto em meio a tantos buracos e com menos engarrafamento. Chego 50 minutos atrasada e com o rosto corado, respiro fundo e aprendo a lição, dobrar o tempo de deslocamento.

No serviço tenho que lidar com meu momento: minha transição de carreira, procuro aprender com todas as adversidades e pessoas que antes eram legais e depois se tornaram não tão legais assim, a partir do instante em que opto a mudar de ares, carreira e propósito.

Rezo um Creio em Deus Pai e sigo em frente.

Meu telefone toca... minha filha perguntando se posso levar pão de queijo e suco de laranja para ela quando eu for pra casa.

“Claro minha filha, mas a mamãe vai demorar a chegar...”. É o mínimo que posso fazer – penso comigo - depois de tanta ausência.

Sigo minha rotina e como analogia, me sinto uma malabarista de pratos. Começo meu dia girando os pratos, alguns de forma até divertida, e vou assumindo responsabilidades, tarefas, funções e esse excesso de compromissos no picadeiro chamado vida está ficando difícil de manter em movimento.

É tanto para se pensar: o médico da minha mãe, meus exames, escola da filha, limpeza da casa, tampa da máquina quebrou, conta para pagar, que horas vou ao supermercado? Leite, bisnaguinha, sabão em pó, buscar o gato no veterinário, será que elas comeram bem? Preciso concluir o curso Scrum, marcar com a mentora – seria melhor no Centro ou em Contagem – precisando fazer unha, quando eu tiver tempo e $ quero ficar um final de semana num Hotel Fazenda sozinha; macarrão parafuso, pão de sal, taioba.

Terceiro tempo, estudar. Transição de carreira é isso, fazer o que precisa ser feito. Buscar conhecimento, colar em quem já trilhou esse caminho e correr atrás. Errar, acertar, sonhar, por os pés no chão, montar apresentação, apagar tudo, fazer de novo.

E minha cabeça não para! Faço de tudo para desacelerar.

Sigo para casa, pensando se eu vou bater a roupa, comer, tomar banho ou se só lavo as mãos e o rosto e deito com a minha florzinha.

Ai meu Deus! O pão de queijo e o suco, dou meia volta para ver se a padaria está aberta. Passo o carro num buraco, acho que furei o pneu.

Éh... nem tão simples assim.

(*) Alê Teles é monlevadense e especialista em RH

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