Desde 1984
Ernane Motta
01 de Abril de 2021
Mulheres, Jornalismo e Pandemia
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de João Monlevade produziu uma série de reportagens com mulheres de vários segmentos da cidade. São mulheres que de certa forma se destacam em suas áreas, e outras que apesar de viverem no anonimato, igualmente representam tão bem a alma feminina. Essas reportagens que se intitulam “Mulheres e Pandemia” foi um dos meios que a Prefeitura de João Monlevade usou para comemorar o mês dedicado à elas, já que é no dia 8 de março que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. Dentre as escolhidas para representá-las, temos advogadas, representantes da Pastoral Afro, enfermeira, médica psiquiatra, jogadora de futebol, idosas cheias de disposição e exemplo de vida, entre outras.

O que vem me chamando atenção nesta série é o grande profissionalismo com que elas têm sido realizadas. A Prefeitura ao promover essa série acertou em cheio na forma de homenagear tantas mulheres. Mas considero o mérito maior na questão da qualidade com que elas têm sido produzidas, ser da jornalista Regiane Ferreira. Ela tem tido um papel fundamental nesta série. Nas matérias que ela tem produzido, encontramos detalhes relevantes para o público feminino.

Informações importantes como da Dra. Rosângela Ribeiro, Médica Psiquiatra, que fala sobre pandemia e os transtornos emocionais que ela pode causar. Já a Advogada Elivânia Braz aborda o tema da violência que tem aumentado contra a mulher devido ao confinamento. Driele Souza, jogadora de futebol, relata sua paixão pelo esporte, preconceitos e como a pandemia tem afetado a vida de atleta.

Já em outros temas abordados pela reportagem, a jornalista Regiane Ferreira nos brinda com seu modo de escrever e relatar momentos difíceis de seus entrevistados. Foi assim com a profissional da área de Odontologia, Elizabete Farias, que recentemente perdeu seu companheiro pela Covid-19. O relato da Dentista já era por si só emocionante (tive o prazer de estar junto de Regiane durante esta entrevista) e nossa repórter brilhantemente conseguiu expressar para o papel aquele momento tão cheio de emoção.

Momentos alegres e descontraídos também fazem parte desta serie, como é o caso da dona Júlia Damasceno, uma senhora de 100 anos de idade que nos encanta com sabedoria, experiência e muito bom humor, e mais uma vez a repórter conseguiu transportar toda essa alegria para os leitores.

Confesso que não me lembro de uma série de reportagens tão significativa aqui na imprensa local. Como profissional da área de comunicação fiquei feliz, não só pela iniciativa da Prefeitura, mas também pela delicadeza como a jornalista tratou os temas. Segundo informações que tive da própria Regiane, as reportagens ainda não acabaram. Deve ter mais umas duas matérias para fechar a série. E se entendi bem, a próxima matéria deva ser algo para fechar com chave de ouro.

Só lamento a pandemia ter tirado o foco de tudo que não está relacionado com a Covid-19. Nada que fazemos de relevante e que nos deixa feliz tem mais tanta importância. Sem dúvida, se não fosse esse caos, uma série como essa teria uma repercussão bem maior. E seria sem dúvida bem merecido a repercussão positiva.

O reconhecimento agrega valor, trás sentimento de dever cumprido, o objetivo é alcançado, e gera incentivo para que outros profissionais se norteiem no exemplo. Ser jornalista, repórter, profissional da área de comunicação em dias atuais, onde detalhes técnicos são mais apreciados que a visão humana do profissional, não é fácil. A visão humana e altruísta de um jornalista pouco tem relevância para um público que procura muita informações, mas não deseja conhecimento. E isso influi muito quando um profissional está elaborando seu texto. Afinal, só informar é diferente de humanizar um texto. Pra seguir a segunda opção, o jornalista descarrega uma carga emocional que ele traz consigo. Sua experiência pessoal ao longo de sua vida é sua inspiração.

Um relato que aprofunda na alma humana, com gosto da verdade, que transporte para a realidade nua e crua, ainda é essencial a um bom repórter. E isso eu vi nas reportagens desta profissional. Quem não teve ainda a oportunidade de ler as reportagens desta série, leiam. É uma justa homenagem às mulheres guerreiras que, com garra e disposição a lutas e batalhas do dia-dia, enfrentam o medo, o preconceito, a violência. Mulheres que guiam outras mulheres. Mulheres esportistas que nada fogem da sua feminilidade. Mulheres humildes que tem na simplicidade o exemplo de amor. E tudo isso escrito pelo olhar de uma mulher jornalista que cumpriu tão bem o papel que lhe foi dado.

(*) Ernane Motta é Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo
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