Desde 1984
Eduardo José Quaresma
13 de Novembro de 2020
Cidades criativas: JM criativa!

Finalizando a série de textos sobre a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, vimos que esse é um projeto lançado em 2004, portanto não tão novo. No entanto, está cada dia mais atual e necessário para promover a cooperação entre as cidades que reconhecem a criatividade como um fator importante no seu desenvolvimento urbano. Deixo aqui minha contribuição para início das discussões sobre o tema. 

Conforme conversamos anteriormente, a rede tem como objetivo favorecer a mútua cooperação internacional com e entre as cidades-membros comprometidas em investir na criatividade como motor de desenvolvimento urbano sustentável e inclusão social e cultural. A Rede reconhece os seguintes campos criativos: Artesanato e arte Popular, de Artes de Mídia, Cinema, Design, Gastronomia, Literatura e Música.

Então, como provocação, como podemos iniciar este processo em João Monlevade ou JM? Precisamos promover encontros e, entendo, que o CP10, Comitê criado pela Associação Comercial (Acimon) já tem uma base para iniciar essas discussões. Assim, é verificar onde podemos inserir nossa cidade, já que podemos inseri-la em vários campos

Em Artesanato e Arte Popular, temos em nossa cidade diversos artesãos já devidamente organizados que necessitam de apoio para implementar e ampliar os seus negócios. No campo artes de mídia, temos também diversos profissionais com capacidade para desenvolver suas aptidões. Já no campo Cinema temos que nos reestruturar, pois não vejo nossa cidade com aptidão para esta vertente. Os nossos cinemas já nem existem mais. Quanto à vertente Design entendo que temos que identificar melhor este tema de acordo com a proposta da Rede para inserir ou não nossa cidade. 

Vejo a gastronomia como campo interessante. Diversos circuitos de sabores já foram criados e podemos ter em BH um exemplo, pois a cidade faz parte da rede nesta vertente. E nos campos Literatura e Música, temos aqui diversos profissionais e muitas manifestações interessantes. Trabalhar um destes campos pode ser também bastante ser uma ótima opção. 

Para iniciar as reflexões, valem as considerações do pesquisador americano Richard Florida e da economista brasileira Ana Carla Fonseca. Os dois criaram conceitos inovadores e, para eles, o que torna uma cidade criativa é a Inovação Científica, cultural e social; a Conexão eficiente entre o local e o global; a Cultura com setores criativos devem gerar impacto na economia geral; o talento dos profissionais, e a tecnologia que mede o nível de projetos de pesquisa e desenvolvimento e de inovação em ciência, cultura e sociedade. 

Com base nestes conceitos e ainda que no Brasil, o debate sobre cidades criativas ainda seja emergente, como também o reconhecimento da cultura como estratégia de desenvolvimento, devemos dar atenção ao conteúdo das cidades e ao seu processo de mudança. E mais que o título, a cidade criativa deve ser enfatizada. 

Como já abordado inovações, conexões e cultura são três características essenciais de uma cidade criativa, seja de pequeno, médio ou grande porte e que podem contribuir para um novo processo de desenvolvimento e qualidade de vida no ambiente urbano. Toda cidade tem um potencial para se apoiar nessas reflexões, e assim utilizar da criatividade brasileira para a resolução de questões mais importantes e particulares e inserir em um novo estágio de desenvolvimento sustentável. E então, por onde podemos iniciar para tornar nossa JM, cidade criativa? 


(*) Eduardo José Quaresma é engenheiro civil e professor

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