Desde 1984
Eduardo José Quaresma
21 de Agosto de 2020
Respeito nos canteiros de obras

Quando iniciei minha vida profissional em 1985, tive uma surpresa maior que os meus tempos de estagiário em Viçosa. Sempre entendi que os canteiros de obras deveriam ser mais humanizados e oferecerem segurança aos usuários. O tempo passou, muita coisa mudou, mas, outras nem tanto. Ainda existem muitos canteiros de obras iguais aos daquela época. 

A necessidade de melhoria é primordial, por menor que seja o canteiro, e a legislação passou a exigir o mínimo de requisitos para a implantação ao atendimento aos trabalhadores. E, agora em 2020 com esta pandemia do Covid-19, foi necessário em primeiro momento, parar as atividades e encaminhar os trabalhadores para casa, principalmente os do grupo de risco. O momento é de reflexão, pois vejo que passamos todo este período e não demos importância e valorizamos o ambiente do canteiro para oferecermos, muitas vezes, condições dignas de trabalhos aos colaboradores.

No entanto, as normas editadas pelo Poder Público responsável, liberaram as atividades para aqueles que não podem trabalhar de forma remota, ou seja, os colaboradores do campo. Propostas foram apresentadas para evitar muitas pessoas em um mesmo ambiente, como a separação em turnos. Fornecer lavatórios com água e sabão e, disponibilizar álcool em gel 70%. Bem como promover a limpeza geral e esterilização com produtos adequados nos locais de trabalho onde há maior contato com as mãos. 

A legislação diz que cabe às empresas, ou no caso de construção particular, ao proprietário, prezar pela segurança dos canteiros de obras, envolvendo os colaboradores, e todos cooperarem com as medidas. Outras recomendações extremamente importantes são manter os ambientes arejados e evitar aglomeração em locais fechados, além de manter uma distância de, pelo menos, um metro entre os trabalhadores em todas as áreas.

 As ferramentas, máquinas e equipamentos devem ser limpos e esterilizados com maior frequência – inclusive calçados, pois podem espalhar o vírus. E um ponto importante: os cuidados no uso de EPIs. Esses equipamentos de uso individual são para utilização de apenas um trabalhador e nunca devem ser compartilhados. 

Para evitar aglomerações nos refeitórios (isto quando existe) é recomendado que os trabalhadores levem comida de casa, ou que a empresa forneça a alimentação. Não se deve compartilhar, entre os empregados, objetos de uso pessoal, como talheres, e copos.

Independentemente do tamanho do canteiro, o trabalho de conscientização deve ser obrigação. As empresas públicas e privadas devem investir em treinamento e conscientização, seguindo métodos de segurança para evitar o contágio e a propagação do Coronavírus. 

Por fim, vejo que precisamos melhorar e muito a instalação dos canteiros de obras seja privado ou público. Como os Governos Municipal, Estadual e Federal estão executando, gerenciando ou fiscalizando obras sob suas responsabilidades? É uma questão de respeito: é hora de priorizar as pessoas e a saúde dos trabalhadores e, consequentemente, da sociedade.


(*) Eduardo José Quaresma é engenheiro civil e professor universitário 

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