É tempo de pré-campanha eleitoral e de negociações partidárias. Na semana passada um bom exemplo de articulação política no cenário eleitoral de João Monlevade chamou a minha atenção aqui no geograficamente distante planalto central.
Não, não foi a aproximação do ex-prefeito Gustavo Prandini com o seu “ex-adversário” Carlos Moreira, embora essa também possa ser incluída no rol das articulações ditas inusitadas, pelo menos para quem não convive ou não conhece o ambiente partidário. Faz parte do jogo.
Falo da aliança entre PT, Avante, PCdoB, Podemos, Democratas e MDB, que lançou como pré-candidatos Laércio Ribeiro/prefeito e Fabrício Lopes/vice.
Uma coisa que sempre me fascina na política partidária são as articulações que ocorrem nos bastidores. E este caso foi um bom exemplo de maturidade política, pois implicou numa quebra de resistências, preconceitos e radicalismos, tanto por parte da esquerda como da centro-direita. Alianças fazem parte do jogo democrático.
Em Monlevade até então imperava uma histórica e provinciana rixa entre “verdes e vermelhos”, desde o início dos anos 2000, embora ela ainda persistirá no que diz respeito à atual administração municipal versus a esquerda. E agora, com certeza, a cor vermelha deverá ser atribuída aos novos parceiros do PT, diante da bobajada política (às vezes até violenta) que tomou conta das nossas redes sociais.
O PT monlevadense, que nunca foi muito afeito às alianças fora do campo da esquerda, demonstrou agora um avanço significativo na sua forma de fazer política, com o objetivo concreto de retomar o Executivo Municipal após longos vinte anos. E ainda desmonta a tese de que o partido ficaria isolado na disputa de 2020.
E até onde eu sei, o grande articulador político dessa aliança pela qual pouca gente esperava foi o ex-prefeito Laércio Ribeiro, maior liderança petista do município. Ele conduziu o acordo com os partidos e com Fabrício Lopes, político jovem, mas de muita competência e experiência em matéria de administração pública. E que tem gosto pelo exercício positivo da política, assim como Laércio.
Quando Laércio foi prefeito, Gentil Bicalho, seu vice, participou ativamente do governo, era ouvido e ajudava o chefe do Executivo e a sua equipe a tomar decisões importantes. Como assessor de comunicação nos quatro anos do governo fui testemunha disso. Já com Fabrício, vice de Simone, é público e notório que ocorreu justamente o contrário. Diante disto, tudo indica que uma relação de confiança mútua também foi selada no acordo entre Laércio, Fabrício e os partidos coligados.
Para quem ainda fica perplexo com negociações e acordos políticos, é bom tomar cuidado para não perder o trem da história. Ele não permite atrasos.
(*) Geraldo Magela Ferreira é jornalista e foi assessor de Comunicação do governo Laércio. Hoje, reside em Brasília/DF