Desde 1984
Erivelton Braz
24 de Abril de 2020
Viver vale

Vale a pena viver por tudo. Vale viver só para contar o que e por que se viveu. Sempre valerá. Quantas histórias cabem numa vida? Quantas vidas se tornam histórias? Vale viver para sentir a sensação de água matando a sede. Vale, pelo beijo dado na despedida e pela saudade imensa, ainda que com a certeza do reencontro. Vale viver até pelo beijo não dado, pelo abraço interrompido. Vale viver porque a vida é uma viagem, uma onda.

Vale viver pelo que virá. Pelas surpresas do amanhecer, pelo bocejo intenso na hora de dormir. Vale viver para ler Neruda e Manuel Bandeira. Para ouvir Milton Nascimento. Para ver Fernanda Montenegro atuar. Vale pelo Galo, o glorioso Clube Atlético Mineiro.

Vale viver por caminhar antes da chuva cair. Vale pelo primeiro gole na cerveja gelada, pelo acerto na harmonização do vinho. Pelo sorriso daquela mulher e pela gargalhada alta de quem sabe o quanto rir é bom.

Vale viver pela expectativa do novo. Pela saudade daquilo que não se sabe o quê? Vale pelas memórias que a vida traz. Nem sempre cicatrizes, apesar da superação dessas, ser um dos motivos pelo qual também se vale a pena viver.

Há quem viva e quem sobreviva. Viver ultrapassa entendimentos. Sobreviver é mais simples e reduz-se às necessidades mínimas. Viver não. É mais amplo, complexo. A vida só faz sentido, se for vivida. Se for sorvida, se for experimentada. Viver traz consequências a partir das escolhas. Viver não é preciso, navegar sim. Não há exatidões na vida e as certezas devem ser revistas sempre, como o hábito de se olhar na janela ou céu? Aliás, você tem olhado o céu?

Viver vale pelo desejo de realizar o que se quer. Querer é poder e a vida nos ensina isso quase todos os dias. É preciso ficar atento aos sinais. Sejamos vivos, a cada dia. E que o nosso desejo seja igualmente vivo, instigante e permanente. 


(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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