Desde 1984
João Paulo de Vito
09 de Abril de 2020
Para não faltar ninguém

Em meio a temores e incertezas, a ameaça do novo coronavírus chega ao Brasil. Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente foi descoberto em Dezembro de 2019, após casos registrados na China. Provoca a doença chamada (COVID-19), e constitui uma emergência de saúde pública de nível internacional.

Os sintomas mais comuns incluem febre, tosse seca, fadiga, e em alguns casos, a perda do olfato e paladar. É assintomática em 85% dos casos, mas em uma pequena porcentagem pode apresentar formas graves e levar à morte. Os grupos de risco são os que apresentam mortalidade mais elevada, podendo chegar a 10% ou mais, mas também temos visto jovens, crianças e puérperas entre as fatalidades.

Tem uma taxa de letalidade que apresenta variações entre os países, mas tem se mantido, em média, em torno de 3,7%. Apesar de não apresentar uma taxa de letalidade muito alta, o vírus apresenta altíssima transmissibilidade, e em números absolutos, isso se traduz em alto número de doentes e de mortes, em um curto período de tempo.

Essa característica sobrecarrega nosso já frágil sistema de saúde, o que acarreta em esgotamento do número de leitos e respiradores. Estima-se que esse esgotamento ocorra, no Brasil, ainda na terceira semana de abril. Por isso, tornam-se imprescindíveis as medidas de proteção e de higiene, bem como o isolamento social, para diminuir a velocidade da transmissão e gerar tempo hábil para a preparação do sistema de saúde, bem como não sobrecarregá-lo.

Lavar as mãos com água e sabão, ou usar o álcool em gel, cobrir a boca com o braço ao tossir, evitar tocar nariz, rosto e olhos, e evitar aglomerações são as principais medidas a serem observadas. 

Entramos agora na parte ascendente acelerada da curva de infecção (quando as pessoas estão se infectando em velocidade máxima) e são as ações tomadas agora que farão a diferença no pico da infecção, que calculamos que ocorra entre 20 a 25 de abril.

Todos sabemos e estamos sofrendo na pele os transtornos causados pelo isolamento, fechamento do comércio, falta de contato com parentes e amigos, da pelada semanal, e do papo jogado fora, das reuniões, festas e casamentos... Porém, esse sacrifício se faz necessário neste momento difícil, para que não tenhamos aqui no Brasil, a exemplo de países como Itália e Espanha (que não tomaram nenhuma medida de isolamento inicialmente), uma epidemia descontrolada, trazendo caos ao sistema de saúde, falta de leitos, grande número de mortes diariamente, e um custo social e econômico astronômico.

É importante salientar que esse isolamento terá duração de algumas semanas, não se estendendo indefinidamente, mas precisa ser respeitado! É hora de praticarmos a empatia e o amor ao próximo. Desacelerar e rever conceitos. Vamos nos separar agora, para que quando voltemos a nos reunir, não nos falte ninguém.


(*) João Paulo de Vito é diretor clínico do Hospital Margarida

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