Desde 1984
Erivelton Braz
27 de Março de 2020
Fim de caso político

Meio dia e meia de terça-feira; Recebo a ligação de uma fonte: tenho uma notícia bomba para você. Rapidamente, coloco papel e caneta a postos e começo a ouvir e anotar as informações. Ela pede sigilo, como manda o figurino entre fonte e repórter.

A filha de uma conhecida dela casou-se há pouco tempo, com o filho de um braço direito do casal Simone e Carlos Moreira. Casamento na igreja, recepção e foram curtir as núpcias, como manda o figurino dos casamentos no interior. 

A mãe da noiva, assim como grande parte da família, também atuou na campanha da prefeita, pediu votos. Liderança conhecida na redondeza, ofereceu a casa para reunião no bairro onde moram. Vestiu a camisa e tinha promessa de emprego, em caso de vitória, conforme o figurino da velha política.

A prefeita venceu e passados três anos, nada do emprego vir. “Até currículo ela entregou no gabinete da prefeita”, informa. E completa: “como se precisasse”... Mas toda vez que se encontrava com a prefeita, sempre ouvia: “Vamos ajeitar, não se preocupe. Tempos de crise, mas não nos esquecemos de você. Conte conosco, estamos juntos”. Toada de todo político, como manda o figurino.

O tempo passa e a mulher ainda seguia esperançosa de ingressar na equipe da prefeita que ajudou a eleger. Mas, qual a surpresa? Antes de completarem seis meses do casamento, a filha chega à casa aos prantos e avisa: “vou me separar”. 

Para espanto de todos, ela diz aos incrédulos que o marido tinha outra, em outra cidade. Ela descobrira tudo e que não ia tolerar a injusta traição. Sem pestanejar, pediu a separação do filho do aliado político da prefeita. A mãe sepultou de vez as esperanças do trabalho na Prefeitura.

O tempo passa, mas a dor da amargura demora. E para piorar o gosto de fel, no fim do ano passado, a mãe da moça descobre que a nova namorada do filho do braço direito da prefeita, além de se mudar para Monlevade, ganhou um cargo comissionado no governo da prefeita que ela ajudou a eleger. “É para cair o queixo ou não é? Uma ótima matéria para o seu jornal. Publica tudo”.

Avalio, penso e repenso. Mas o assunto, apesar de envolver figuras públicas, não tem ilegalidade. Afinal, a prefeita tem a prerrogativa de escolher quem ela quiser para assumir “cargos de confiança”, como manda o figurino. Mas o caso é um ótimo exemplo de que os apoios políticos, também acabam, assim como alguns casamentos.  


(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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