Desde 1984
Gabriela Gomes
27 de Março de 2020
Senhor Zequinha

O senhor Zé Lopes era conhecida figura em João Monlevade. Natural de Dom Silvério, foi acolhido pela cidade ainda na juventude, quando veio trabalhar na antiga Belgo Mineira como contínuo. Excelente jogador, fez parte do time de futebol da Usina.

Formou família, teve seis filhas, e saiu da Belgo para abrir o próprio armazém, na rua Louis Ensch. Ali, vendia de tudo, de salame e sabão em pó, de doce de leite a canivetes. Senhor Zequinha, como também era conhecido, tinha conversa simples e gentil, cheio de causos e prosas boas, acolhendo a todos que cruzavam seu caminho.

Apaixonado por sua cidade natal, era devoto de Nossa Senhora da Saúde, e não perdia uma edição das festividades em 15 de agosto, em Dom Silvério. Senhor Zequinha viu Monlevade crescer, viu as ruas serem bloquetadas, depois asfaltadas. Viu de perto as famílias monlevadenses se multiplicarem, o comércio prosperar e as ruas ficarem cada dia com novas casas e novos moradores.

Senhor Zequinha tinha muitos amigos, inclusive o saudoso Vicente Alexandre da Cruz, com quem trabalhou ainda na Belgo. Juntos viveram diversas aventuras, e suas lembranças mantiveram viva a memória do amigo. E de muitos outros, que ele trazia consigo, no peito e na lembrança. 

Senhor Zequinha tinha um jeito simples de levar a vida. Mesmo idoso, ele mantinha o quintal sempre organizado e cuidava das suas galinhas com muito zelo. Ele vendia frutas na avenida com um sorriso no rosto e muito carinho no coração.

Senhor Zequinha sempre nos visitava aos domingos. Nas mãos trazia um agrado, como um cacho de bananas do seu quintal ou uma caixa de chocolates. No coração, trazia muito carinho, uma prosa confortante e boas risadas também.

Senhor Zequinha trazia memórias, que nos contava em detalhes e que hoje são nossas memórias também. Trazia documentos, fotos, papeis diversos, que continham um pouquinho da sua história e das suas vivências. 

A cada esquina, ele deixou um amigo. A cada amigo, vários causos para contar. Hoje, a saudade fará parte de suas histórias. Até breve, senhor Zequinha!


(*) Gabriela Gomes é publicitária 

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