Manhã fria de inverno... Como sempre, ela se levanta, toma um banho, faz o café e, rapidamente, acorda as duas crianças para irem à escola. Não há tempo a perder, haja vista que o escolar não espera.
Mas ela é esperta e, em pouco tempo, supervisiona tudo: café tomado, dentes escovados, uniforme, material escolar, cabelos penteados, merenda, etc. Por um curto espaço de tempo, ainda olha de soslaio e observa com orgulho as duas obras de arte ofertadas pelo todo poderoso.
A buzina soa lá fora e, após chegar à conclusão de que tudo está em perfeita ordem, beija os filhos, coloca-os no escolar, dá um último aceno e corre para dentro de casa, no intuito de dar fim às tarefas.. Num ímpeto, ajeita os vasilhames, estende as camas, varre a casa e vai para o trabalho. O ônibus está lotado....horário de pico. Pessoas se apertam e se ajeitam como podem.
Hora de descer do ônibus. Licença daqui; dali e enfim... o alívio. Agora é correr para a escola, pois de longe já se ouve o sinal. No sufoco, chegou em tempo. Alunos se aglomeram, gritam, correm exaustivamente enquanto se encaminham para a sala de aula.
Ela entra, pede silêncio... Em princípio, tudo parece em vão, mas aos poucos, se acalmam e a aula tem inicio. Literaturas e gramáticas e interpretações se misturam até o último horário.
A aula termina....Ufa...que alívio...Ela desce as escadas rapidamente, despede-se dos colegas, pega novamente o ônibus e vai para a porta da escola onde os filhos aguardam.
Hora de ir para casa e preparar o jantar, enquanto as crianças tomam banho. Também é hora de ensinar o dever, servir o jantar e colocar as crianças para dormirem. Agora, é hora de corrigir algumas provas. A cozinha será arrumada no dia seguinte.
É preciso cronometrar o tempo e corrigir as benditas provas e, finalmente, descansar. E assim vai... corrige uma...corrige duas e os olhos se fecham... Quatro horas depois tudo se repete.
Ainda que as profissões sejam diferentes, esta é a rotina de muitas mulheres. Rotina das Marias, Lucianas, Martas, etc. São elas dotadas de garra e amor.
“Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender', já dizia Clarice Lispector. E, realmente, ela estava certa porque ninguém pode entender a força de uma mulher. Parabéns a todas neste 8 de março!
Cleonice Gomes Nogueira é professora em João Monlevade