Desde 1984
Erivelton Braz
20 de Dezembro de 2019
Presépio
Na casa da minha amada tia Teresa, em Alvinópolis, está preservado o Menino Jesus que era do presépio da minha avó Maria do Carmo. A peça pequenina é frágil, mas tem uma força histórica e sentimental para todos nós. A imagem de Jesus bebê tem quase 100 anos e é bem cuidada por minha tia, que monta seu presépio desde sempre, muito antes de eu nascer.
Aliás, aprendi com minhas tias, Teresa e Aparecida, além da minha mãe Celina, a montar presépios. Essa é a minha tradição de Natal, que faço desde criança. Não sou nenhum mestre Vitalino, nem tenho vocação como Afonso Torres, do bairro Santa Bárbara, que fazem obras de artes. Mas faço com amor e sempre me emociono, relembrando a mística da noite de Natal: Em casa, fazíamos orações em frente ao presépio perto da meia noite. Meu pai depositava a imagem de São José, minha mãe, a de Nossa Senhora e eu, menino, colocava o Menino Jesus na manjedoura. Simples ato que deixava a nossa noite ainda mais feliz.
Desde então, aprendi que não existe Natal sem presépio. Eu sempre procuro pelas imagens por onde eu vou. Grandes, pequenos, sofisticados, simples. Apenas a santíssima trindade ou os mais complexos com dezenas de peças, reis, anjo, estrela. Todo presépio para mim é importante. Afinal, ele é a reprodução do que se passou naquela noite em Belém.
A sagrada família que se abrigou num estábulo junto a outros animais para o nascimento do filho de Deus é uma mensagem tão clara quanto forte. Ele, o rei anunciado dois mil anos antes pelo profeta Isaías, chegou ao mundo num curral, cercado de pastores de ovelhas e animais. Seu primeiro berço foi uma manjedoura, um cocho, em que se coloca comida para os animais. Não tinha roupas, mas vou enrolado com faixas por sua mãe.
Se não aprendermos nada com essa imagem enigmática é porque não estamos prontos para entender que o maior exercício de humildade é Deus ter se feito gente, apagado sua auréola santa para se igualar a nós. Seus pais, Maria e José, durante uma viagem, não encontraram vagas em nenhuma hospedagem e se abrigaram em uma estrebaria. E fizeram o melhor que puderam com o que tinham para receber o filho amado.
O primeiro presépio foi montado por São Francisco de Assis. A reprodução do nascimento de Cristo com as estátuas nos chama a uma reflexão: Em tempos de barbáries diversas onde é que Jesus nasceria hoje? Contemplo presépios em silêncio e peço a Deus para nos ensinar a sermos mais tolerantes e sempre humildes a cada dia.

() Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação
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