Desde 1984
Márcio de Oliveira
27 de Setembro de 2019
Quero minha Monlevade de volta
Meu pai, Zé do Muro, chegou em João Monlevade, vindo de Juiz de Fora na década de 40, junto com os pais e irmãos, para a construção do muro de placas do cemitério municipal. Desde então criou laços profundos nessa cidade, casou-se, teve filhos (sou o terceiro de quatro) e atuou em vários negócios. Nasci aqui em 1970. Tenho excelentes recordações desde o início da minha infância. Aprendi a ler com 4 anos, fruto de curiosidade e incentivo de minha tia Antonieta, então diretora do grupo Padre Drehmans, no Baú. Lembro da disciplina, do respeito aos mestres e aos mais velhos, de cantar o hino nacional e hastear a bandeira semanalmente. Depois veio a escola Luis Prisco de Braga, onde participei da fanfarra e dos desfiles de 7 de setembro, além de ter feito amigos para toda vida.
A minha lembrança de João Monlevade na década de 80 e 90 é de uma cidade ordeira, em pleno desenvolvimento, com saúde, educação e segurança pública exemplares. Lembro de poder andar livremente em todos os lugares, festas, bairros, sem preocupação com violência. Dizíamos que a cidade tinha uns poucos meliantes e todos amplamente conhecidos e sem nenhum transtorno mais relevante. Crimes graves eram raros e viravam uma comoção, como o assassinato do Lauzim no Taberna 33. Por falar no Taberna, quantas belas recordações das noites monlevadenses, dos bailes no Ideal, no Social, das gincanas da rádio Alternativa 1. Essas, um capítulo a parte em minha vida e na de centenas de jovens da época. Literalmente paravam a cidade. As tarefas envolviam toda a cidade e região, com as equipes muito dedicadas e comprometidas. Seria muito bom se tivesse um “revival” (Equipe A Notícia, quem sabe promovam novamente?). Diversão sadia e inteligente
Entretanto, nas duas últimas décadas, nossa querida cidade entrou em um ciclo vicioso de politicagem suja e de gestores pouco engajados com uma visão desenvolvimentista. Paramos no tempo, deitados em berço esplêndido de uma arrecadação baseada em uma única grande empresa, sem nenhum movimento de incentivo a novos negócios relevantes. A chegada de universidades e ampliação da faculdade foram as boas notícias destes anos, mas insuficientes para que nos tornássemos efetivamente o centro econômico e tecnológico da região. Itabira e São Gonçalo do Rio Abaixo estão no ciclo virtuoso, caminhando a passos largos nesse sentido.
O que espero para os próximos anos? Que a população ACORDE Que lute por mudanças, de forma ordeira e organizada, que nos soltemos das amarras políticas que há décadas nos prendem em uma “torre” de isolamento e de compadrios em prol de meia dúzia de apaniguados. Que João Monlevade reassuma o protagonismo regional e que empresários bem intencionados aproveitem a mão de obra qualificada que está sendo formada e implantem novas empresas, gerando renda e desenvolvimento. Que a segurança pública seja efetiva, com vigilância “Olho vivo” implantada e gerenciada de forma eficaz, que os crimes sejam elucidados e que criminosos julgados e condenados de forma ágil.
Por fim, que a população deixe a posição de “Carneirinhos”, que amplie seus horizontes, conhecendo novos lugares e cidades, que efetivamente transforme João Monlevade em um lugar feliz para se viver É a cidade onde nasci, onde tenho família, amigos e onde pretendo descansar esse corpo cansado ao final da jornada terrestre

()Márcio de Oliveira é especialista em operações e logística.
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