Desde 1984
Márcio Passos
09 de Agosto de 2019
Incentivadores e bajuladores
“Seja um incentivador. O mundo já tem críticos demais”. As duas frases são da prefeita de João Monlevade, Simone Carvalho, em sua página do facebook no sábado passado, desejando a todos um final (fim) de semana de muito amor e paz, oportunidade em que demonstrou gratidão a todos que lhe enviam mensagens positivas todos os dias.
A mensagem da prefeita me fez lembrar duas frases escritas pelo ex-presidente americano Barak Obama: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que te avisem quando você errar”.
Acredito ser mais prudente a qualquer governante a segunda mensagem. Todos eles, aqui, acolá ou na Tonga da Mironga do Kabuletê, vivem cercados de puxa-sacos, a grande maioria formada por assessores e auxiliares que estão mais focados em preservar o emprego do que prestar um trabalho eficiente, franco e sincero. E ainda se somam a estes aqueles que querem levar qualquer tipo de vantagem em troca de elogios e concordâncias de conveniência. Isso tem em todo lugar, mas se percebe com maior cara de pau e bajulação desprovida de senso crítico nos órgãos públicos, mais notadamente nas administrações municipais.
Ora bolas, assessores e auxiliares bons não são aqueles “carneirinhos” que aplaudem tudo e trocam a sinceridade pela bajulação. Todo governo erra todo dia e a função primeira desses ocupantes dos cargos de confiança seria alertar o governante para os erros e para as necessárias correções de rumo.
São vários os fatores que colaboram para a manutenção desse teatro de mentirinha e do faz de conta. O primeiro, já disse e repito, é a manutenção dos empregos de gente que não deveria estar lá, mesmo porque não tem habilitação profissional e experiência para a função. Há que se considerar também a falta de habilidade política e o excesso de arrogância daqueles que chegam ao poder para seu exercício temporário e acham que são donos dele. Uns porque comem melado pela primeira vez, outros porque acham que criaram a fórmula do melado. Falam muito, não conseguem ouvir e se acham a cereja do bolo na função pública e no eventual exercício do cargo. Quando se apercebem que estão em rota de colisão com a opinião pública e a caminho da reprovação política, muitos tentam mudar o rumo, mas várias vezes o tempo não perdoa e já é tarde demais.
Perguntei a um prefeito certa vez e já em fim de mandato se ele contratava institutos de pesquisa para avaliar seu governo e ele respondeu que não porque andava muito nas ruas e as pessoas sempre o procuravam para elogiar. Foi preciso aguardar a surpresa de um resultado negativo nas eleições seguintes para o prefeito perceber que ia de mal a pior, apesar dos elogios de pessoas que o procuravam e a bajulação de assessores e auxiliares que acabaram isolando o político da realidade nua e crua das ruas.

() Márcio Passos é jornalista e fundador do A Notícia
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