Desde 1984
Erivelton Braz
28 de Junho de 2019
Ainda sobre o Museu
Em minha última coluna neste espaço, falei da importância de João Monlevade implantar um Museu da Imagem e do Som (MIS) para preservar sua memória e valorizar a sua identidade. É uma ideia a ser desenvolvida num trabalho coletivo, envolvendo os poderes públicos, a iniciativa privada e demais interessados em valorização de um espaço para a cultura. Quem sabe por meio do Comitê Permanente de Desenvolvimento (CP10) da Associação Comercial e Industrial de João Monlevade (Acimon)?
João Monlevade perde, a cada dia, um pouquinho de um grande patrimônio, que é o prédio da extinta Escola Estadual Santana, que fica no bairro Centro Industrial. Ali, seria o espaço ideal para abrigar o MIS, conforme sugestão dos amigos Márcio Passos e Paulo Roberto Reis. E acrescento: valorizaria o bairro, recuperaria um prédio histórico abandonado à ação do tempo e de vândalos e devolveria àquela região, onde tudo começou, a sua importância como local da memória de João Monlevade.
Quando falo em memorialismo, não se trata de saudosismo lírico, marcado pela lembrança da Cidade Alta, do Lactário e dos Clubes que fizeram parte da história. Esse, muito cultuado na cidade é importante para quem viveu esse período e, portanto, tem o doce cheiro das lembranças bonitas que o tempo não desfez. Mas não é isso. Falo da necessidade da recuperação de um espaço de memória coletiva, que reunirá elementos de nossas origens, objetos, documentos e materiais que interessam às gerações atuais e futuras, com todas as informações sobre a edificação da cidade, da Usina e de nossa constituição enquanto município. Sem falar no elo com novas linguagens artísticas, abrindo espaço para vozes culturais locais, do Brasil e do mundo.
O MIS de João Monlevade seria um local de exposições permanentes e abrigaria ainda, todo o acervo levantado pelo Projeto Memória, organizado pela Acimon, no final dos anos 1990 e início de 2000 e que nunca veio a público efetivamente. Sem falar, nos documentos que a Usina guarda sobre a sua fundação, o busto e retrato de Gaston Barbanson, defensor da instalação da Usina em Monlevade e que está na Câmara Municipal, como um triste desconhecido já que pouca gente sabe quem ele foi. Isso, claro, sem falar da série de monumentos de nossa rica memória, entrevistas, depoimentos, fotografias, imagens e uma série de materiais sobre nossa cidade.
Poderia ainda, abrigar exposições de artistas locais – Pensem, por exemplo, que maravilha seria uma grande mostra com as obras de Gerhart Michalik? - e trazer, a partir de uma curadoria eficiente, exposições de artistas de outros países e que tiveram grande relação com João Monlevade, como Luxemburgo, ou mesmo Guerrét, cidade natal de Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade. Por que não recuperar esse elo internacional que no passado tanto contribuiu para o desenvolvimento do nosso município? Por que não dialogar com outros canais e abrir espaços diferentes de arte, cultura e memória?
Além disso, o MIS ofereceria uma grande variedade de programas culturais, com eventos em todas as áreas: cinema, dança, música, vídeo, fotografia, literatura e muito mais, para todos os públicos. Serviria ainda para ações diversificadas e projetos culturais, pequenos shows, apresentações, recitais, entre outros, no vão livre da Escola Santana, que é semelhante ao do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A arquitetura, por si só, seria uma exposição, revelando a modernidade desta cidade no passado e que hoje, está abandonada pelo descaso e ostracismo.

() Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação
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