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01 de Dezembro de 2020
“Essa é a fase mais grave da Covid em João Monlevade”
Diante dos casos de óbitos e internações, médico faz alerta contra aglomerações e pede distanciamento social

O médico coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI) e diretor técnico do Hospital Margarida, Marcos André Crim Câmara, afirma que a cidade vive o momento mais crítico desde que a pandemia da Covid-19 começou.

Em entrevista ao A Notícia, Marcos André fala do aumento de internações e de casos nos últimos dias em João Monlevade. “Eu diria que esta é a fase em que estamos vendo mais casos de Covid, mais internações e de mais casos graves de toda a história da Covid em João Monlevade. Agora, realmente, estamos tendo casos, internações que não víamos com tanta frequência no início da pandemia. Estamos vivendo praticamente o pico”, afirma.

A cidade, nos últimos seis dias, registrou cinco mortes e, dessas, investiga duas suspeitas por coronavírus. Para o médico, o distanciamento social, o uso de máscaras, a lavagem das mãos com frequência e o respeito às regras são fundamentais. “Principalmente, com fiscalização”.

No entanto, o médico opina que o aumento de casos da Covid não é uma exclusividade de João Monlevade, já que ocorre em todo o país. “Agora estamos tendo muitos atendimentos no ambulatório da Covid do Hospital, a Prefeitura também tem atendido muitos casos e as internações também aumentaram bastante, assim como em outras cidades brasileiras. A meu ver, o Brasil vive a segunda onda da Covid. As autoridades precisam tomar as medidas cabíveis e exigir o uso rigoroso de máscara e evitar aglomeração”, afirma.

Segundo Marcos André, o Hospital Margarida está preparado para os atendimentos, apesar do aumento do número de doentes. “Tem um andar só de Covid e um ambulatório para esses casos também. Tem dias que estivemos lotados, com poucas vagas, mas recuperamos a capacidade de tratamento logo depois. Estamos tomando todas as medidas para nos adaptar. Mas o uso de máscaras e evitar aglomerações é o carro chefe para conter a Covid”, afirma o médico.

Juventude adoeceu mais e leva o vírus para casa

Para Marcos André, nessa segunda onda, a doença tem se disseminado mais entre os jovens, que saem do isolamento, adoecem e levam o vírus para dentro de casa. “O jovem vai para os bares, aglomera, faz a sua resenha e leva a doença para dentro de casa, contaminando seus pais e avós. Isso é uma coisa que tem que ser controlada. Não sei se há clima para fechamento rigoroso, o comércio já foi muito castigado, ainda mais na época de Natal e fim de ano. Agora, tem que ter ordem. Tem que evitar aglomeração. Onde cabem nove não podem entrar doze. E isso cabe às autoridades fiscalizarem. Tem que ter bom senso. Não pode aglomerar nos estabelecimentos, nas ruas e calçadas”, afirma o médico.

'Cuidem-se'. Médica anuncia mais uma morte

Outra médica que trabalha no CTI de João Monlevade, Maria Eugênia Tótola, fez uma postagem na tarde desta terça-feira (1), também pedindo cuidados. '(...) Então o papo é reto: cuidem-se. O CTI agora, está bem mais vazio. Foram altas o que demos? Tsc, tsc...pensem. Acabamos de perder mais uma paciente agora há pouco. Era a mais jovem do CTI e não tinha doenças prévias. Lutamos bravamente por ela, disso tenho certeza! A doença foi mais forte. Poucos são os médicos aqui dentro do hospital dispostos a trabalharem com coronavirus. Muitos, por serem de grupo de risco. Muitos, porque... deixo para vocês a reflexão. Isso significa que somos POUCOS, estamos trabalhando dobrado, estamos cansados e, por fim, sem saber mais como fazer para as pessoas entenderem que não é hora de aglomeração, festas, churrascos, aluguel de sítios para o fds, programação de reveillon...', alerta a médica.
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