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09 de Outubro de 2020
Aos 84 anos, “Julinho” Domingues vai a pé de Monlevade a Belo Horizonte
Acervo pessoal
Um morador de João Monlevade provou que não há limites para quem quer manter a saúde. O músico e barbeiro José Júlio Domingues, o Julinho, 84 anos, uniu as praças Sete de Setembro de João Monlevade e Belo Horizonte em quatro dias de caminhada. Na última quarta-feira (30), ele partiu a pé do coração de Carneirinhos, percorrendo a Estrada Real até o hipercentro da capital mineira.

No caminho, ele passou por Santa Rita de Pacas, pela reserva do Peti, Santa Bárbara, Caeté e Sabará, até chegar à praça do conhecido “pirulito”, no centro nervoso belo-horizontino. Acompanharam-lhe Antônio Martins “China”, o filho Wildes Domingues e os amigos Rosenir José e Antônio Gabriel, que registraram o passo rápido de “Julinho” e os pontos turísticos pelos quais passaram. Em média, eles percorriam entre cinco e seis quilômetros a cada hora.

Na chegada, na manhã do último domingo (4), ele ainda encontrou tempo para almoçar na casa de um dos filhos, tomar uma cerveja e assistir ao jogo do Atlético Mineiro, seu time do coração, contra o Vasco da Gama. “Voltei para João Monlevade como se não tivesse caminhado nada. Nem dor eu sinto”, contou.

O senhor Júlio é acostumado a andar. Natural de São Domingos do Prata, ainda na infância costumava caminhar por longas distâncias na área rural. No aniversário da mãe, que morava em sua cidade natal, fazia caravanas a pé para homenageá-la. A partir da década de 1980, começou a percorrer caminhos com mais assiduidade, cumprindo, por exemplo, os 60 quilômetros entre João Monlevade e Santa Maria de Itabira.

E caminhar para Julinho é um hábito. Todos os dias, ele vai e volta da casa em que reside, no bairro Areia Preta, até à praça do Lindinho, num percurso que soma 13,2 quilômetros. Na chegada do ano 2000, ele havia saído da capital mineira a pé com destino a João Monlevade, e agora decidiu fazer a rota oposta.

Música na alma

Engana-se quem pensa que “Julinho” é ativo apenas no esporte. A música também sempre fez parte da vida do aposentado: “Meu pai era maestro da orquestra. Conquistei minha esposa com uma serenata”. Foi a sua habilidade com instrumentos musicais que o trouxe para trabalhar em João Monlevade, e o levou a tocar em bailes, noites dançantes e mais de quarenta carnavais. Atualmente, ele toca saxofone, piston, bombardim e trombone. Sua esposa, Maria Domingues, também é música, tendo uma voz melodiosa para cantar hinos sacros, o fado português ou a “Ave-Maria no Morro”, eternizada por Cauby Peixoto. Os filhos, todos já formados, também são hábeis com os instrumentos, como a pedagoga Moyara Domingues, uma das pioneiras do A Notícia, e muitos deles são casados também com músicos.

Residindo há quase seis décadas em João Monlevade, a família conquistou centenas de amigos, e José Júlio tornou-se ponto de referência: para muitos, o morro que dá acesso à Faculdade Doctum não é a rua Girassol, mas o “morro do Julinho”. Ele também é o membro “mais experiente” da Big Band Funcec, e não pensa em parar. Para aqueles que se sentem cabisbaixos ou desmotivados, ele deixa um conselho: “Tenho dois valores, o primeiro é a saúde, o segundo é a inteligência. Ah, e nunca discordar de ninguém”. Receitas do Julinho para viver muito bem.
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