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Geral
05 de Junho de 2020
Coronavírus ameaça educação infantil em João Monlevade
Escolas para crianças de 0 a 5 anos buscam alternativas para enfrentar dificuldades e queda na receita

Pesquisa encomendada pela União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte – organização sem fins lucrativos criada durante a pandemia com o objetivo de dar suporte às instituições de ensino – mostra que de 30% a 50% das escolas privadas de pequeno e médio porte do Brasil estão sob risco de falência por causa do coronavírus.

A mesma estimativa é a do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG). O órgão aponta que pelo menos três a cada dez contratos da educação infantil da rede privada em Minas Gerais foram cancelados desde o começo da pandemia, no mês de março. “Temos observado uma queixa grande das escolas do interior e da capital, com uma média de cancelamentos de 30% a 40%. É preocupante, pois, com isso, a escola perde toda a condição de se reestruturar para reabrir logo que os órgãos competentes alinharem uma data”, afirma a presidente do Sinep, Zuleica Ávila Reis.

No Sistema Municipal de Ensino Privado de Belo Horizonte, da Secretaria Municipal de Educação, estão registradas 650 escolas particulares de Educação Infantil. E, segundo a Prefeitura, nove delas já informaram o fechamento durante o período da pandemia.

Sem a mesma receita de antes, muitas escolas ainda precisam dar descontos para evitar que a evasão seja ainda maior, visto que a manutenção de crianças de 0 a 3 anos nas escolas não é exigida por lei. O impacto foi determinante para algumas instituições. Em Joao Monlevade, o Instituto de Educação Líber, vinculado à Rede Doctum, encerrou as atividades da educação infantil no dia 28 de maio. Em reunião online com os pais, os diretores alegaram alto índice de inadimplência e justificaram a inviabilidade do projeto. “Precisamos encerrar para não comprometer todo o organismo”, disse a diretora Yolanda Coelho. A escola, no entanto, mantém as aulas online dos alunos de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.

O Cerpinho, unidade de Educação Infantil do grupo Centro Educacional Roberto Porto, se adaptou à nova realidade das vídeos aulas. De acordo com a empresária Renata Porto, proprietária da escola, desde o mês de março, foram suspensas as atividades do berçário e, recentemente, também foram paralisadas as aulas das turmas do maternal I e II que aconteciam online. A escola continua ofertando aulas online para as crianças do 1º e 2º período. Para Renata, a perspectiva é a de que, em breve, a pandemia vai passar e que as atividades serão retomadas.

Outra escola que aposta na educação online é o Pedacinho do Céu. Segundo a diretora e empresária Rosiléia Espíndola (a tia Léia), as aulas online se tornaram uma realidade, inclusive, com a manutenção de projetos. Nesta semana, os alunos realizaram atividades ligadas à festa junina, já que a da escola estava prevista para este sábado (6). Com opção para os pais, a escola tem oferecido descontos e tem esperanças de retomada das aulas presenciais a partir do mês de agosto.

Estratégias

Para as que dependem exclusivamente do maternal e dos 1º e 2º períodos, a suspensão das turmas não é uma possibilidade. As escolas seguem oferecendo atividades online para manter o vínculo com as crianças. Temendo o fechamento, algumas viram na união a possibilidade de manutenção das atividades educacionais.

As escolas Centro de Educação Infantil Barquinho Amarelo, Centro Educacional Pequeno Príncipe, Escola Infantil Pinguinho de Gente, Caminhos do Saber, Centro Educacional El Shadai e Centro Educacional Sítio do Picapau Amarelo iniciaram o movimento “Unidos pela educação” para sensibilizar os pais a não tirarem seus filhos das escolas. Em mensagem de vídeo, eles falam dos benefícios das escolas e pedem que os pais não cancelem as matrículas dos filhos. “Se todos decidirem cancelar a sua matrícula, quando tudo acabar, não existirão mais escolas particulares. Mas existe uma esperança. A nossa esperança está em vocês”, afirmam no vídeo.

Além do pedido, algumas escolas apostam também nos descontos. É o caso do Pequeno Príncipe que oferece descontos de 10% a até 50% dos valores das mensalidades, dependendo da turma e prorrogou parcelas da taxa de material e livro didático até o retorno das aulas presenciais.

Segundo a empresária e diretora da escola, Danielle Faustino Altoé Crisóstomo, o Centro Educacional Pequeno Príncipe vem se reinventando, inovando e descobrindo novas formas de trabalho para poder continuar. “Sabemos que não está fácil para os pais também em casa, eles estão se doando para transmitir o conteúdo dado em vídeo aula. Após um mês diante o Covid-19, para tentar mantê-los damos descontos nas mensalidades escolares, sabemos também que alguns pais estão passando por dificuldades, e para o próximo mês de julho caso não retornarmos com as aulas, aumentaremos o percentual de desconto, pois é um momento de ajuda mútua”, informa.

Abraço

Nesta semana, professores e os diretores da escola visitaram os alunos e ofereceram um abraço às crianças. Para tanto, foi usada uma proteção de plástico para que as professoras abraçassem os alunos. “Fomos fazer uma homenagem em forma de carinho, amor e saudade que estamos das nossas crianças. Durante as visitas, tivemos crianças que se emocionaram, que ficaram tímidas, felizes, meio assustadas. Sem contar os pais que se emocionaram também. Foi lindo, intenso... Providenciamos uma caixa de som, microfone, cartaz, capa de chuva, luva, álcool em gel e uma tela de proteção para o momento do abraço durante as visitas”, conta Danielle.
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